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2008-2009: Filha da crise financeira internacional
Esta crise foi provocada por problemas no sistema financeiro internacional, que começaram nos EUA e se estenderam à economia mundial, atingindo rapidamente Portugal.
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2008-2009: Filha da crise financeira internacional

A crise financeira internacional teve origem nos EUA, no verão de 2007, com problemas nos empréstimos à habitação, naquela que ficou conhecida como a crise do subprime. A economia norte-americana atingiu o seu ponto mais crítico em 2008, com a falência do Lehman Brothers, uma das principais instituições financeiras do país.

Os efeitos da recessão na economia americana depressa se estenderam à economia mundial, tendo as exportações globais caído quase 20% entre 2007 e 2009.

Portugal, que já se debatia com a estagnação do crescimento económico e com a queda do emprego desde o início do século, foi rapidamente atingido nas suas exportações e no crédito bancário.

O sistema financeiro nacional foi fortemente abalado e, em novembro de 2008, assistiu-se à nacionalização do Banco Português de Negócios.
A resposta europeia à crise internacional foi feita de forma coordenada, utilizando sobretudo a política orçamental e a política monetária. Aos governos com margem de manobra orçamental foi aconselhado um aumento da despesa pública, sobretudo de investimento. O Banco Central Europeu procedeu a uma descida rápida das taxas de juro, para estimular a economia.

Mas o ponto de partida era muito diferente entre os vários países europeus.
A dívida pública portuguesa estava já acima dos 72% do PIB em 2007 e as contas públicas apresentavam uma histórica rigidez de despesa.

A próxima crise já estava a formar-se
Dívida bruta das administrações públicas (% do PIB) 

 
Entre desequilíbrios e estímulos públicos

A travagem e queda da economia foi rápida e fez-se sentir em vários países. Em Portugal, o Produto Interno Bruto começou a afundar no início de 2008. A produção industrial caiu e o sentimento económico deteriorou-se com rapidez.

A economia, com elevados níveis de endividamento e dependente do acesso ao crédito, ressentiu-se com a travagem nos financiamentos e a desconfiança generalizada no mercado interbancário. A banca portuguesa estava também ela muito dependente da capacidade de financiamento nos mercados internacionais.

Os estímulos públicos foram reforçados em 2009, tendo-se lançado programas de obras públicas, sobretudo rodoviárias, e atribuindo-se um aumento salarial de 2,9% aos funcionários públicos.

Os principais indicadores

PIB per capita

A queda da economia foi de 4,4% entre o ponto mais alto e o mais baixo deste ciclo económico. O valor máximo foi atingido no primeiro trimestre de 2008. O valor mais baixo ocorreu um ano depois, no primeiro trimestre de 2009.

 

Euros (€), encadeados em volume (chain-weighted), base 2011

 

 

Taxa de Desemprego

A taxa de desemprego subiu apenas ligeiramente nos primeiros três trimestres da recessão. No entanto, não parou de subir, muito para além do final técnico desta recessão.

 

Índice Sentimento Económico

A quebra do sentimento económico começou um pouco antes do ponto mais alto deste ciclo económico, consistente com a incerteza decorrente da turbulência nos mercados financeiros.

 

Índice, 100=fevereiro 2008

Produção industrial afunda, com forte queda das exportações

Esta crise provocou uma subida da taxa de desemprego, que em 2008 se encontrava já num patamar relativamente elevado para o histórico da economia portuguesa, acima dos 7%. A agravar a situação, o fim da recessão não trouxe o fim da subida na taxa de desemprego. Enquanto o PIB recuperou em 2009 e 2010, a taxa de desemprego subiu mais 2,4 pontos percentuais.

As exportações afundaram, numa crise que foi globalizada e em que os principais parceiros comerciais do país também mergulharam na recessão. O investimento privado caiu. Reflexo dessa conjuntura, a produção industrial teve uma descida acentuada próxima de 20% e, mesmo após a recuperação do PIB, não veio a recuperar de forma relevante.

A saída desta recessão não passou de um intervalo até ao mergulho na crise seguinte, que ocorreu pouco mais de um ano depois.

 

Esta é uma crise associada aos problemas do sistema financeiro americano.
Professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto
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A recessão de 2008-2009, vista por José Varejão, Professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto
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