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Uma mulher idosa e sorridente está à janela a espreitar para a rua, num dia de verão. Crédito: Mike Jones (Canva)

Flexibilidade e felicidade numa idade maior

O envelhecimento pode ser uma janela de oportunidades, onde se pode apostar na felicidade e não apenas na ausência de doença, defende a psicóloga Margarida Gaspar de Matos. Este é o tema do último episódio do poscast «Eu posso ser...», uma parceria da Fundação com o Observador Lab, baseado no livro «Felicidade e Flexibilidade no Envelhecimento».
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Muitos preconceitos têm corrido à volta do envelhecimento, ao qual se atribuem inúmeras vicissitudes, muitas vezes confundindo envelhecimento com doença.

São famosas as celebrações de tributo, agradecimento e reconhecimento que muitas instituições fazem aos trabalhadores em processo de aposentação, para lhes dar uns minutos de reconhecimento, muitas vezes depois de os terem incomodado durante toda uma vida. Na hora da reforma e na hora da morte, em geral, tornamo-nos todos «o máximo».

Com o envelhecimento da população, mais acentuado na Europa e na América do Norte, é uma preocupação de todos retirar desta fase da vida (muitas vezes longa, saudável e ativa), o ónus do desespero do fim e poder usufruir dela tornando-a um período prazeroso da vida. 

O medo do isolamento, da solidão, do vazio, da irrelevância, da precariedade, da doença são receios que muitas vezes não se concretizam. Receios que levam as pessoas a preocupar-se, «fora do tempo», muitas vezes sem necessidade, inundando este período de más «vibrações», em vez de relaxarem e usufruírem do que é verdadeiramente importante.

Urge olhar para este (longo) período da vida, através de uma janela de oportunidades e apostar na felicidade, e não (apenas) na ausência de doença. Apostar na construção de espaços e de modos de vida de qualidade, prazer e desafio, que aproximem cada pessoa do que lhe é importante.

Porque o tempo a mais, tal como o tempo a menos, são problemáticos e porque há contingências no nosso futuro que não podemos prever, o tema da felicidade, flexibilidade e saúde psicológica aplica-se muito bem a uma «idade maior».

Nada melhor do que prever e iniciar mudanças que estão nas nossas mãos e nos aproximam do que consideramos importante. Deixar fluir as circunstâncias que não estão sob o nosso controlo pessoal e «deixar ir» as (pequenas) contrariedades, quando não são verdadeiramente importantes, nem nos aproximam do que valorizamos e sobretudo quando não temos poder sobre elas.

Na realidade não podemos forjar a vida inteiramente à nossa vontade, mas podemos sempre tentar manter-nos alinhados com as nossas prioridades, com as coisas e pessoas que valorizamos.

Quanto ao que nos incomoda e não nos é importante, ou quanto ao que não está ao nosso alcance mudar, tentemos afastar-nos ou então estabelecer uma relação diferente, tentando ver as coisas de outro prisma ou com outras lentes .

Tal é a «sabedoria da idade»: saber escolher os desafios que vale a pena aceitar, sem nos deixarmos perturbar pelo que não está alinhado com as nossas prioridades.

Num outro nível, precisam-se Políticas Públicas, que apoiem a um envelhecimento digno, prazeroso e feliz.

Quer tentar? Este livro pode ajudar! Se estiver na disposição de tentar, conte como foi!

Ouça o quinto e último episódio da série «Eu posso ser....», disponível nas plataformas habituais e no site da Fundação.

 

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