Votar é muito mais do que marcar uma cruz num boletim. É o «renovar dos votos com o 25 de abril e com este direito que custou tanto a conquistar», diz a artista e rapper Capicua. É uma decisão que molda o futuro e uma obrigação para com o passado. Um passado que restringia a liberdade de expressão, perseguia os críticos e impedia os cidadãos de escolher os seus representantes.
«Ponho-me a imaginar o que era viver antes da democracia e não concebo aquilo, o horror. Não consigo conceber esse tipo de cerceamento da liberdade», conta Ricardo Araújo Pereira
Às vozes do humorista e da rapper, juntam-se as de Pedro Magalhães, António Costa Pinto, Rui Medeiros, Alice Cunha, Leonor Beleza, José Santana Pereira, Nuno Markl e Susana Coroado naquele que é o primeiro de uma série de oito minidocumentários que nos revela o que mudou com a revolução e que promessas e desafios ainda enfrenta a democracia portuguesa.
Uma democracia que nasceu a 25 de abril de 1974, demorou décadas a amadurecer e ainda é um processo inacabado.
Uma democracia de muitas conquistas como o fim da censura, os direitos civis e a entrada na União Europeia são alguns exemplos.
Uma democracia que se foi consolidando sabendo superar períodos de intensa crispação política - como o PREC - e, mais recentemente, manteve-se firme perante o aparecimento dos populismos.
Uma democracia que, contudo, ainda enfrenta muitos desafios: uma abstenção que tem aumentado, um desencanto provocado pelas suspeitas de corrupção na política e uma fraca participação cívica revelada por vários indicadores.
Estará o regime democrático português em crise? E, caso esteja, o que pode ser feito para o melhorar? Um documentário de 23 minutos centrado não apenas no último meio século da democracia portuguesa, mas também no que falta para a tornar mais forte e rejuvenescida. Um regime participativo em que os jovens sintam que têm voz e que vale a pena sair de casa em dia de votação.
Portugal hoje é muito diferente do que era há 50 anos. Quase cinco décadas depois, que mudanças profundas aconteceram no país? E que lições devemos retirar para melhorar o futuro?
A Fundação tem um extenso programa para refletir sobre o que mudou e o que é preciso garantir para melhorar a democracia nacional.
Um programa que começa no Quartel do Carmo onde o regime caiu – com o evento «Cinco décadas de democracia, o que mudou?» – e se estende a mais debates, uma série de oito minidocumentários, documentários, publicações e estudos, que vão permitir pensar e construir o futuro coletivo.