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Professores e escolas
As medidas com impacto positivo e negativo numa escola
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Professores e escolas

Poder-se-ia dizer que é quase fatal como o destino. Quanto mais alto o estatuto socioeconómico da população que frequenta a escola, mais altos os desempenhos dos alunos nos testes PISA. Mas é o "quase" que faz toda a diferença. Pobreza não é fado. Há escolas que conseguem ultrapassar todas as dificuldades do meio em que se inserem e levar os seus alunos a ter resultados que rivalizam com os que têm mais condições para se destacar.

Que estratégias puseram em prática que potenciaram o sucesso daqueles jovens?

Uma coisa parece certa: a dimensão média das turmas pode ter impacto na gestão da sala de aula, mas não tem na qualidade das aprendizagens. E a motivação? Os professores dizem que se sentem tão mais satisfeitos quanto mais conseguem ajudar os alunos a aprender. Mas a verdade é que há muita insatisfação no ar. Com o número de horas de trabalho, com a indisciplina, com as tarefas burocráticas a que são obrigados, com o cansaço inevitável sentido por uma classe profissional em que uma percentagem considerável (40%) tem mais de 50 anos e apenas 1 por cento tem menos de 30.

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Professores e escolas
Quem ensina

Em Portugal é evidente o acentuado envelhecimento dos professores do 3ª ciclo, principalmente a partir de 2010. Em 2000, por cada 100 professores com menos de 35 anos, existiam 35 com mais de 50 anos, ou seja a maioria era jovem. Já em 2018 por cada 100 professores com menos de 35 anos, havia 1374 com mais de 50 anos, uma grande maioria. Segundo o PISA 2018, apenas cerca de 4% dos professores tem menos de cinco anos de experiência. E cerca de 91% tem as habitações necessárias para ensinar.

 

 Índice de envelhecimento dos professores portugueses * 
 

* Número de professores com mais de 50 anos por cada 100 professores com menos de 35 anos.

E que relação tem isto com a disciplina na sala de aula?

Em 2015, os professores da Irlanda e da Polónia são os que dizem ter alunos mais disciplinados na sala de aula. Na Dinamarca, os docentes mais jovens assinalam a existência de indisciplina, mas o problema parece não ser uma preocupação entre os mais velhos.

Em Espanha, na Dinamarca e na Polónia, segundo as respostas dos professores, a disciplina dentro da sala de aula aumenta à medida que os professores envelhecem.

A Irlanda e Portugal apresentam um padrão inverso ao dos outros países referidos: o envelhecimento dos docentes corresponde a uma presença mais acentuada de indisciplina, particularmente em Portugal, onde os professores acima dos 50 anos reportam níveis muito baixos de disciplina.

Em Portugal é evidente o acentuado envelhecimento dos professores do 3ª ciclo, principalmente a partir de 2010. Em 2000, por cada 100 professores com menos de 35 anos, existiam 35 com mais de 50 anos, ou seja a maioria era jovem. Já em 2018 por cada 100 professores com menos de 35 anos, havia 1374 com mais de 50 anos, uma grande maioria. Segundo o PISA 2018, apenas cerca de 4% dos professores tem menos de cinco anos de experiência. E cerca de 91% tem as habitações necessárias para ensinar.

 
Disciplina na sala de aula por faixa etária dos professores
 
Os professores estão sempre a debitar matéria?

Em Portugal, os professores estão muito acima da média no que se refere ao tempo utilizado a dar aulas expositivas (dados de 2012). Entre estes países, apenas na Irlanda dizem fazê-lo ainda mais. Relativamente às aulas práticas e de projeto, nas quais o aluno tem uma participação mais ativa, tanto Portugal como a Irlanda apresentam indicadores abaixo da média dos países que participam no TALIS*.

A Dinamarca é um dos países onde o índice de atividades centradas em aulas práticas e projeto é mais elevado. Também em Espanha os professores dizem ser mais práticos do que teóricos.

É interessante verificar que não há grandes diferenças entre os grupos etários; e os professores tendem a seguir, dentro do seu país, as metodologias adotadas pelos colegas na sala de aula.

* O TALIS é um inquérito dirigido aos professores do 9ºano, desenvolvido pela OCDE e que visa compreender as práticas, opiniões e motivações dos professores. O último ano de dados é do ano lectivo 2012/2013

 
Índice de aulas práticas e de projeto (por grupo etário dos professores) TALIS
 
O que pensam os professores
 
O que leva um professor a sentir-se motivado

Sendo Portugal um dos países onde os professores declaram estar menos satisfeitos com a profissão, procurou-se explicar, através dos dados TALIS, quais os fatores que se associam a professores mais satisfeitos e respeitados. Foram identificadas apenas três variáveis relevantes: fazer com que os alunos aprendam e que as aulas façam a diferença; ter um bom relacionamento com os alunos; e conseguir controlar o comportamento dentro da sala de aula.
Este foi um padrão comum a todos os países em análise. Variáveis como anos de serviço, idade, reconhecimento formal, utilização de diversos tipos de pedagogia e número de horas de trabalho semanal mostraram-se irrelevantes, após terem sido testadas individualmente e no modelo. Verificou-se que quanto mais os professores se sentem úteis aos alunos e consideram que os ajudam a aprender mais se sentem satisfeitos e respeitados.

 
O que leva um professor a sentir-se motivado | Comparação com os países em análise
 
Em discurso direto

Uma diretora de uma secundária pública, uma professora de Matemática à beira da reforma e um professor de Educação Física falam do que melhorou na escola portuguesa e dos problemas que ainda a afetam.

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Isabel Le Gué, diretora da Escola Secundária Rainha Dona Amélia, em Lisboa
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Adelina Precatado, Professora de Matemática na Escola Secundária de Camões, Lisboa
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Bruno Saavedra, Professor de Educação Física e de Educação Especial no Agrupamento de Escolas Fernando Namora, Amadora
Organização das escolas

A dimensão das turmas tem vindo a aumentar lentamente em todos os países, mas sem exceder um máximo de 30 alunos por turma. Portugal e Espanha são, neste conjunto de países, aqueles onde se regista o maior aumento do número médio de estudantes por turma: de 22 em 2003 e 2012 para 26 e 27, respetivamente, em 2015. França é, no entanto, o país onde as turmas são maiores: média de 29 alunos em 2015.

 
Número médio de alunos por turma *
 

* Estes dados espelham a resposta dos alunos à questão "quantos alunos tem a tua turma?, poderá haver enviesamentos face à média nacional.

A dimensão das turmas afeta o desempenho?

Não se verifica uma relação a nível agregado do país entre número de alunos por turma e desempenhos no teste PISA, pelo menos se as turmas tiverem até 30 alunos, como é o caso dos países considerados. Por exemplo, a Holanda, com turmas maiores, apresenta melhores desempenhos, e o Luxemburgo, com turmas consideravelmente mais pequenas, obtém piores resultados.

 
Relação entre número médio de alunos por turma e desempenho
 
E as escolas têm poder de decisão?

O indicador que mede a autonomia, criado pelo PISA, reúne uma série de perguntas sobre quem é responsável por certas decisões, nomeadamente ao nível de: contratação, despedimento e salário dos professores (tanto no que reporta ao salário inicial como a atualizações subsequentes); estruturação e gestão de orçamentos; seleção, avaliação e medidas disciplinadoras de alunos; e gestão curricular e escolha de materiais.

Em termos de índice global, em 2015, Espanha, França e Portugal eram os países onde os diretores das escolas declaravam ter menos autonomia, estando os três em torno do 0,6, num indicador em que '1' significa que todas as decisões em causa partem da escola, quer pelo diretor, quer por professores ou outro órgão com esses poderes. Um indicador mais baixo quer dizer que a maioria das decisões é tomada a nível político.Os países com escolas com maior autonomia são a República Checa, quase a chegar ao valor '1', a Suécia e a Holanda, que estão próximas de 0,9.

 
Indicador de autonomia de decisão dada às escolas
 
Tempo na escola

Os alunos irlandeses de 15 anos são os que declaram ter mais aulas por semana.A grande maioria dos alunos tem entre 30 a 35 aulas semanais, sendo que Portugal não é exceção.

 
Número de aulas por semana (2015)
 
Os alunos levam muitos trabalhos para casa?

Segundo os próprios alunos, em Portugal, estes passam 14 horas por semana, em média, a fazer trabalhos para a escola, fora do horário escolar.

Na Finlândia, a média ronda as 11 horas - é o país onde os alunos levam menos trabalhos para casa. Por oposição, na Polónia é exigida uma média de 17 horas por semana.

E são os jovens portugueses os que menos tempo dedicam à atividade desportiva (apenas comparáveis aos alunos espanhóis), sendo que 15% declaram não despender qualquer tempo semanal em atividade física.

 
Número de horas de trabalho escolar extra
 
E a duração das aulas? É muito diferente de país para país?

Portugal é o país do grupo onde os alunos declaram ter aulas mais longas. Por exemplo, uma aula de Matemática dura, em média, 68 minutos. Por sua vez, a Irlanda é o país onde os estudantes dizem ter aulas mais curtas, de 40 minutos.

 
Duração média das aulas de matemática
 
Superar as expetativas

Uma das conclusões mais interessantes que surgem da análise dos dados do PISA, ao longo dos diferentes ciclos, é que se tornou evidente que, apesar de o contexto familiar e social ter um impacto acentuado nos resultados dos alunos, este não é determinante. Prova disso é a percentagem considerável de estudantes de famílias com ESCS baixo que, ainda assim, apresentam resultados acima dos 500 pontos.

O mesmo pode ser visto na perspetiva das escolas: em Portugal, mais de 30% dos estabelecimentos de ensino inseridos em meios socioeconómicos desfavorecidos conseguem obter bons resultados (acima de 500); e esta percentagem aumentou consideravelmente entre 2003 e 2012.

 
Caracterização das escolas EB3 e secundárias quanto ao ESCS e resultados
 
Portuguese, Portugal
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