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As novas assimetrias portuguesas
A tendência para a quebra da natalidade e o aumento da idade com que se tem o primeiro filho verificou-se em todo o país, embora a ritmos diferenciados. As assimetrias regionais norte-sul marcaram historicamente a evolução da natalidade do país.
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As novas assimetrias portuguesas

Ao Norte mais fecundo opunha-se um Sul com menores índices de nascimentos de crianças, padrões diferenciados frequentemente justificados pelas práticas tradicionais na posse das terras, transmissão na família e adesão às práticas religiosas.

A diluição das assimetrias regionais e o desenvolvimento social e económico trouxeram consigo, na última década do século XX, a diminuição da dicotomia Norte-Sul em relação à natalidade. Esta evolução no sentido da maior homogeneização deu-se, sobretudo, através da quebra mais acentuada dos níveis de natalidade nas regiões onde ela era mais elevada. A terciarização da economia, a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, o aumento da escolaridade, a menor influência das práticas católicas e a perda do valor económico das crianças são aspetos que ajudam a compreender essas mudanças de comportamentos face à fecundidade.

Paralelamente, desenharam-se ritmos de desenvolvimento e de urbanização diferenciados entre o Litoral e o Interior, emergindo um novo tipo de assimetrias. Este processo acentuou-se já no presente século e contrapõe o Interior Norte e Centro, menos fecundo, ao Litoral Sul, com índices mais elevados de natalidade.

Onde é maior e menor o número médio de filhos por mulher em idade fértil? (índice de fecundidade)

A «fotografia» tirada com os dados de 2023, que ilustra os mapas que aqui apresentamos com dados concelhios, mostram isso mesmo. Finalmente um olhar para o nascimento de crianças fora do casamento, que aqui inclui os casos de parentalidade em união de facto e não apenas aqueles em que os pais não coabitam.

A histórica dicotomia entre Norte-Sul estava também claramente presente no comportamento em relação a este indicador, mas tornou-se cada vez menos vincada na última década. Apesar da convergência de comportamentos, mantém-se, ainda assim, uma diferenciação de assinalar entre Norte e Sul, onde a maioria dos concelhos apresenta um índice superior a 60% de filhos nascidos fora do casamento.

E se o casamento perdeu o seu papel muito decisivo como marca de entrada na parentalidade, atualmente a coabitação dos pais como condição prévia para se ter filhos também parece perder a relevância que outrora já teve. Os novos conceitos de família incluem também, de forma crescente, casais que, embora tendo uma relação, não partilham a mesma casa, independentemente de terem ou não filhos em comum.

Onde nasce a maior e menor percentagem de bebés de pais não casados, vivam os pais juntos ou não? (%)

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