Nas cinzas do pior dia de fogos
Nos dias que se seguiram à tragédia de 15 de outubro, o fotojornalista Miguel Valle de Figueiredo saiu de Lisboa para Tondela, onde tem casa, com roupas, mantimentos e a máquina fotográfica.
Ainda hoje lhe é difícil falar do que ali encontrou e do que continuou a fotografar durante os dois meses seguintes. Percorreu os distritos de Viseu e de Coimbra, consumidos pelas chamas, onde ouviu as histórias de tanta gente que perdeu tudo ou quase tudo.
Naquele que é considerado o dia com mais incêndios no país desde que há memória, morreram 51 pessoas – muitas delas ainda dentro de casa – e centenas ficaram feridas.
Mais de 60 concelhos do país foram varridos por meio milhar de fogos. Em 24 horas, arderam mais de 220 mil hectares, uma área superior a duas vezes a cidade de Lisboa.
«A ideia de documentar tudo o que pudesse daqueles dias surgiu logo que cheguei a casa, depois de ver as primeiras fotografias que tirara. Percebi que ninguém iria fazer um «arquivo» do estado dos vários territórios para memória futura», conta.
Cumprindo essa missão, as imagens que captou deram origem a uma exposição, «Cinzas», que percorreu vários pontos do país, passando pela Assembleia da República, e que voltará a ser exibida na Casa da Cultura de Santa Comba Dão, a partir de 12 de outubro. Estas são algumas dessas fotografias.