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As cinzas deixadas pelos fogos em 2017, ano em que os incêndios provocaram mais mortes em Portugal.

Nas cinzas do pior dia de fogos

Foi o pior dia de incêndios do ano mais mortífero em Portugal: 2017. As cicatrizes deixadas por alguns dos 532 fogos, que a 15 de outubro desse ano começaram a varrer o norte e centro de Portugal, foram registadas pelo fotógrafo Miguel Valle de Figueiredo. As imagens dariam mais tarde origem à exposição «Cinzas», que percorreu vários pontos do país e será novamente exibida a partir de 12 de outubro.
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Nos dias que se seguiram à tragédia de 15 de outubro, o fotojornalista Miguel Valle de Figueiredo saiu de Lisboa para Tondela, onde tem casa, com roupas, mantimentos e a máquina fotográfica. 

Ainda hoje lhe é difícil falar do que ali encontrou e do que continuou a fotografar durante os dois meses seguintes. Percorreu os distritos de Viseu e de Coimbra, consumidos pelas chamas, onde ouviu as histórias de tanta gente que perdeu tudo ou quase tudo.

Naquele que é considerado o dia com mais incêndios no país desde que há memória, morreram 51 pessoas  muitas delas ainda dentro de casa – e centenas ficaram feridas. 

Mais de 60 concelhos do país foram varridos por meio milhar de fogos. Em 24 horas, arderam mais de 220 mil hectares, uma área superior a duas vezes a cidade de Lisboa.

«A ideia de documentar tudo o que pudesse daqueles dias surgiu logo que cheguei a casa, depois de ver as primeiras fotografias que tirara. Percebi que ninguém iria fazer um «arquivo» do estado dos vários territórios para memória futura», conta.

Cumprindo essa missão, as imagens que captou deram origem a uma exposição, «Cinzas», que percorreu vários pontos do país, passando pela Assembleia da República, e que voltará a ser exibida na Casa da Cultura de Santa Comba Dão, a partir de 12 de outubro. Estas são algumas dessas fotografias.

 

«Foi tudo, fiquei eu e a casa», conta Etelvina Costa que perdeu ovelhas, oliveiras e a vinha na aldeia de Vinhal, Lageosa do Dão. Crédito da imagem: Miguel Valle Figueiredo.
«Foi tudo, fiquei eu e a casa», conta Etelvina Costa que perdeu ovelhas, oliveiras e a vinha na aldeia de Vinhal, Lageosa do Dão.
Imagem de um cão acorrentado, junto do que restou de uma estrutura destruída pelos incêndios na região centro de Portugal, em outubro de 2017.
Um cão acorrentado, junto aos destroços de uma estrutura destruída pelas chamas.
As árvores entre cinzas dos incêndios de outubro de 2017 na Serra do Caramulo.  Crédito da imagem: Miguel Valle Figueiredo.
As árvores, entre cinzas, na Serra do Caramulo.
A ajuda multplicou-se vinda de todo o país. Roupas, cobertores e outros bens de primeira necessidade foram chegando
A ajuda às populações multiplicou-se. Alimentos, cobertores, roupas, mas também loiças e até eletrodomésticos chegaram de todo o país a armazéns improvisados.
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