As gerações anteriores queriam mudar o mundo; as de agora desejam mudar o seu modo de vida.
As gerações anteriores preconizavam a resistência; as de hoje celebram a existência .
As gerações anteriores lutavam pela igualdade de género; as de agora lutam pela fluidez de género.
As gerações anteriores usavam o seu quarto como território de autonomia e individualidade; as de hoje usam o espaço virtual para o mesmo efeito.
Ana Markl e Vítor Sérgio Ferreira guardaram para o último episódio do ano um tema fascinante: as culturas juvenis. As diferenças entre gerações são notórias e não se resumem aos exemplos citados acima. É que a forma como encaram o corpo, a maneira como comunicam entre si, as referências que procuram em culturas mais distantes, a forma como se exprimem e são capazes de se associar, viver e respeitar na diferença, não têm nada a ver com o que eram as práticas de outros tempos.
Regidos por valores como os da autenticidade, diferença e simplicidade, os jovens de hoje estão a fazer revoluções silenciosas, mas nem por isso menos eficazes. Talvez seja mais interessante compreender e acompanhar: afinal, eles sim, são o futuro.
Ferreira, V. S.(2017) Revigoramento, rejuvenescimento e aperfeiçoamento do corpo: culturas somáticas na sociedade portuguesa contemporânea, Política e Trabalho, Revista de Ciências Sociais, 47, pp.75-96
Ferreira, V. S.(2016) Aesthetics of youth scenes: from arts of resistance to arts of existence, Young Vol. 24, 1, pp.66-81
Ferreira, V. S.(2009) Youth scenes, body marks and bio-sociabilities, Young Vol. 17, 3, pp.285-306
Ferreira, V. S.(2008) Ondas, Cenas e Microculturas Juvenis, Plural - Revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP, 15, pp.99-128
Ferreira, V. S.(2008) Marcas que Demarcam: Tatuagem, Body Piercing e Culturas Juvenis, Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais
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