Cronologias

O Decreto-Lei n.º 167/74 autoriza o Governo a conceder a exploração da doca seca do porto de Aveiro, e do respetivo estaleiro de reparação naval, a uma empresa a constituir. Segundo o diploma, as características técnicas especializadas do estaleiro, torna recomendável a sua exploração em regime de concessão.

Regista-se em Tavira, no Algarve, o primeiro caso de cólera. Três semanas depois a doença atingia Lisboa e o Porto. Em finais de maio, registavam-se casos nos distritos de Beja, Setúbal, Aveiro e Braga. Esta epidemia de cólera extinguiu-se em outubro de 1974, tendo ocorrido em todo o país 2467 casos e 49 mortes. Em outubro de 1971, Lisboa tinha já sido atingida por um surto de cólera, de dimensões mais reduzidas, que afetou sobretudo a população mais pobre, alojada em bairros de barracas como os da Musgueira Norte, Musgueira Sul e Quinta do Marquês de Abrantes.

O locutor João Paulo Diniz emite, às 22h55 a canção E Depois do Adeus, da autoria de José Luís Tinoco e interpretada por Paulo de Carvalho, nos Emissores Associados de Lisboa. É a senha para os revoltosos tomarem posições para a primeira fase das operações militares, visando a queda do regime.

O locutor Leite de Vasconcelos emite, às 0h20, a canção Grândola, Vila Morena de José Afonso no programa «Limite» da Rádio Renascença, dando o sinal definitivo de que as operações estão em marcha e são irreversíveis. O golpe militar poria fim a 48 anos de ditadura.

Três dias depois do 25 de abril, os portugueses puderam ver na RTP imagens da libertação dos presos políticos de Caxias. A maioria dos jornais não enviou provas à Comissão de Exame Prévio, antecipando-se à extinção dos serviços de censura prevista no Programa do MFA.

Marcelo Caetano e alguns ministros refugiam-se no quartel da GNR, no Largo do Carmo, o qual é rapidamente cercado por forças comandadas pelo capitão Salgueiro Maia, da Escola Prática de Cavalaria, de Santarém. Cerca das 18h o presidente do Conselho rende-se incondicionalmente ao general António de Spínola.

A Lei n.º 1/74 destitui das suas funções o Presidente da República Américo Tomás e o Governo autoritário dirigido por Marcelo Caetano, dissolvendo a Assembleia Nacional e o Conselho de Estado e determinando que os poderes destes órgãos passem a ser exercidos pela Junta de Salvação Nacional.

O Decreto-Lei n.º 169/74 exonera os governadores-gerais dos Estados de Angola e Moçambique, passando as suas atribuições a serem exercidas interinamente pelos secretários-gerais daqueles Estados.

O Decreto-Lei n.º 170/74 exonera os governadores civis do continente e ilhas adjacentes, bem como os seus substitutos.