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Entrevista

Nicholas Bloom: produtividade não é assim tão simples

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Como se mede e avalia a produtividade? Qual o impacto do teletrabalho na produtividade? E da inteligência artificial? Neste episódio de «Isto não é assim tão simples», Nicholas Bloom, economista britânico e especialista em teletrabalho, explora os dilemas da gestão moderna.

No início do século XX, nos estaleiros de extração de carvão, «bastava contar quantas pás um trabalhador escavava por hora». Hoje, fora algumas exceções (como os call center), estas métricas são insuficientes num mundo cada vez mais tecnológico.

Através do exemplo da Google, Nicholas Bloom explica como as fórmulas de medição são muito mais difusas e complexas. Estas empresas analisam «a produção de novas aplicações ou produtos, a equipa necessária para o desenvolvimento, as horas usadas para concluir a produção… e, mesmo assim, está longe de ser o ideal», garante. «Medir a produtividade é mesmo muito difícil na era digital».

Já a razão pela qual alguns países continuam a ser menos produtivos é, segundo Nicholas Bloom, bastante mais clara. O problema não está nas horas de trabalho, nem no teletrabalho, mas sim na gestão. 

«Trabalhar em casa dois dias por semana não prejudica a produtividade. E há uma enorme vantagem para as empresas porque os funcionários têm menos tendência para se despedirem – e as demissões são muito caras para as empresas», explica.

Bloom, que estudou comparativamente práticas de gestão nas mais diversas áreas e países, destaca a eficácia da agressividade estratégica das empresas norte-americanas: «medem tudo, fixam metas exigentes» e recompensam rapidamente. Em Portugal, por exemplo, isso não acontece.

Mas há soluções e o economista sugere várias que devem ser tidas em conta pelos empresários portugueses. No entanto, há uma solução essencial que não recai sobre as empresas: uma menor regulação do mercado. O economista acredita que «o governo deve ser como um árbitro no futebol», definindo as regras do jogo, mas deve reduzir as suas intervenções.

Nesta lógica de mercado aberto, a competição é, para o vencedor da medalha Frisch da Econometric Society, o motor da produtividade. «Os EUA continuam a ser o país mais produtivo do mundo, porque têm mercados altamente competitivos».

E o futuro? Apesar de preocupante para a nova geração e as suas perspetivas profissionais, Bloom acredita que a inteligência artificial pode ser a chave para um novo salto produtivo. «A produtividade tem abrandado nos últimos 50 anos. É como uma macieira de onde já colhemos todas as ideias fáceis, só restando as mais difíceis no topo». Será que a IA pode ser o novo pomar?

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