No Estado Novo, Portugal era um país pobre, desigual, com profundas carências no acesso à saúde e à educação. Em 1970, cerca de um quarto da população não sabia ler nem escrever, metade não tinha água canalizada e mais de um terço não tinha luz elétrica.
Durante décadas, as mulheres continuaram sem poder votar, não podiam ter negócios próprios, nem sair do país sem autorização dos maridos.
Estas limitações eram acompanhadas por outras que afetavam as liberdades fundamentais. Não havia liberdade de expressão nem de associação. Grande parte da população adulta estava impedida de votar. Havia apenas um partido. Quem transgredia, enfrentava a repressão da polícia política.
Quando se deu o 25 de Abril, o país vivia em guerra há 13 anos. Nos conflitos nas colónias, morreram 45 mil pessoas e 53 mil ficaram feridas.
A transição política contou com as indefinições e os confrontos próprios dos processos revolucionários. A democracia saiu vencedora.
Portugal hoje é muito diferente do que era há 50 anos. Quase cinco décadas depois, que mudanças profundas aconteceram no país? E que lições devemos retirar para melhorar o futuro?
A Fundação tem um extenso programa para refletir sobre o que mudou e o que é preciso garantir para melhorar a democracia nacional.
Um programa que começa no Quartel do Carmo onde o regime caiu – com o evento «Cinco décadas de democracia, o que mudou?» – e se estende a mais debates, uma série de oito minidocumentários, documentários, publicações e estudos, que vão permitir pensar e construir o futuro coletivo.