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Imagem de garfos com vários vegetais e frutos

Do rótulo ao prato: segredos para uma alimentação saudável

Todos os dias fazemos escolhas alimentares, mas nem sempre escolhemos bem. Aprender a ler um rótulo é essencial para saber reconhecer o que devemos trazer para casa e pôr no prato. Em cinco respostas, a nutricionista Joana Sousa, autora do livro «Literacia alimentar», explica o que temos de saber para tomarmos decisões mais conscientes sobre o que comemos.
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1. Os rótulos escondem muitos segredos. O que é essencial saber para conseguir ler um rótulo?

Para ler um rótulo alimentar de forma eficaz e tomar decisões informadas sobre as melhores escolhas alimentares é fundamental compreender as informações nele contidas. Mas o que é realmente fundamental numa análise imediata.

  • Lista de ingredientes: Os ingredientes estão listados por ordem decrescente de quantidade, sendo o primeiro o mais abundante no alimento ou produto alimentar. Olhando a esta lista consegue identificar os principais ingredientes e selecionar aqueles que apresentem melhor qualidade. É também muito produto. Fique atento a ingredientes a que pode ser alérgico ou sensível.​​​​​​
  • Datas de validade e condições de armazenamento: Verifique a data de validade para garantir que o alimento está fresco e seguro para consumo. Respeite as condições de acondicionamento que são apresentadas, nomeadamente no que diz respeito à temperatura de armazenamento.
  • Informações de identificação do produto: Isso inclui o nome do produto, nome e endereço do fabricante (origem), número de lote e informações de contato para fornecer feedback ou relatar problemas. Isto permite-lhe identificar a origem dos alimentos e privilegiar alimentos de produção local/sazonal.
  • Dose/Porção do alimento: Identificar o tamanho da dose do alimento que está a analisar: esta dose é a quantidade média do alimento que uma pessoa normalmente consome de uma só vez. Esta informação está identificada no rótulo alimentar como a porção: O tamanho da porção indica a. Isso é fundamental para avaliar a quantidade de calorias e nutrientes no alimento.
  • Informação nutricional: O rótulo fornece informações sobre a quantidade de calorias (energia) e nutrientes sempre por 100g e, por vezes, por dose/porção. Esta informação permite escolher dentro de alimentos ou produtos alimentares equivalentes qual o que apresenta melhor qualidade nutricional.

Ler os rótulos dos alimentos é crucial para escolhas alimentares saudáveis e para responder a necessidades específicas. Não tome decisões na escolha sem olhar ter em atenção os cinco aspetos acima identificados. Leia os rótulos alimentares, sempre!

 

2. Como deve mudar a rotulagem mudar para se tornar mais acessível? Há sistemas de classificação mais simples?

A forma de apresentação dos rótulos deve ser o mais simplificada possível para que o consumidor consiga rentabilizar a riqueza da informação que muitas vezes está dispersa e assim poder tomar uma decisão informada e objetiva.

Existem diversos modelos de rotulagem. Todos eles têm sido muito estudados para facilitarem a informação ao consumidor. O sistema de rotulagem Nutri-Score é o que parece reunir o maior consenso e a melhor abordagem à informação nutricional disponibilizada ao consumidor.

Este é um sistema de rotulagem nutricional baseado numa codificação que conjuga cores e letras que fornecem informações rápidas sobre a qualidade nutricional de um produto. O Nutri-Score foi desenvolvido para ser de fácil compreensão e utilização pelos consumidores, atribuindo uma pontuação a um alimento com base numa fórmula que tem em consideração diversos componentes nutricionais: calorias, açúcares, gorduras saturadas, sal (sódio) e fibras.

Com base nessa avaliação o alimento recebe uma classificação que é representada por uma letra (de "A" a "E") e uma cor (do verde escuro ao vermelho).

 

O padrão alimentar da população portuguesa está a desviar-se cada vez mais de um padrão alimentar mediterrânico. O elevado consumo de carne vermelha e baixo consumo de cereais integrais são os que mais contribuem para este cenário.

3. Porque é que sistemas de rotulagem simples não são mais usados?

Cada vez mais se vê as marcas a adotarem um sistema de rotulagem e a tentarem torna-lo o mais simplificado possível. O problema reside no facto de não existir um modelo de rotulagem universal e cada marca/produto poder apresentar modelos de rotulagem alimentar e nutricional distintos, impossibilitando o propósito da rotulagem que é a comparação entre produtos equivalentes. Se a análise do rótulo para o consumidor já não é um processo simples, então se produtos equivalentes utilizam modelos de rotulagem distintos, torna-se ainda mais difícil para o consumidor fazer a escolha que melhor respeite as suas necessidades. 

 

4. Escolher bem os alimentos é só uma parte do processo. Como podemos começar a cozinhar de forma mais saudável?

A resposta não é fácil nem linear. Cada vez mais a oferta alimentar é mais diversificada e dispersa, tornando-se muito exigente para o consumidor. No que respeita à cozinha saudável há uma mensagem importantíssima: Na simplicidade é que está o ganho! Quando mais simples e menos processado, melhor. Comece por fazer um planeamento ajustado às necessidades das refeições. Faças as compras tentando levar a lista pré-definida de acordo com o planeamento feito e o que tem disponível em casa. Compre apenas o essencial. Opte por alimentos frescos e naturais. Privilegie o azeite mas atenção que não deixa de ser uma gordura, por isso não abuse. Atenção ao sal, privilegie ervas aromáticas.

Faça escolhas alimentares variadas, uma alimentação saudável deve ser equilibrada e variada. Por fim, opte por processos culinários simples. Frugalidade e cozinha simples é um dos princípios da Dieta Mediterrânica! Isto tem por base preparados que protegem os nutrientes, como sopas, cozidos, ensopados e caldeiradas.

 

5. A dieta mediterrânica é apontada como das mais saudáveis. Mas muitos dos problemas de saúde da população portuguesa também podem ser associados à alimentação: doenças cardiovasculares, hipertensão. O que é que tem de se alterar?

É verdade e o problema está exatamente no facto do padrão alimentar da população portuguesa se estar a desviar cada vez mais de um padrão alimentar mediterrânico. O peso dos comportamentos alimentares na carga global de doença é elevado e são comportamento alimentares como o elevado consumo de carne vermelha e baixo consumo de cereais integrais os que mais contribuem para este cenário (nada característicos da Dieta Mediterrânica).

É emergente agir para que o padrão alimentar mediterrânico volte a fazer parte do padrão de consumo alimentar da população, minimizando assim o impacto negativo da alimentação na carga global da doença.

 

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