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Imagem de um soldado russo

A defesa do futuro da Europa

Em vésperas do Dia Internacional da Paz, José Milhazes escreve sobre a guerra na Europa e alerta para os perigos de certos «apelos à paz». Defende que o conflito na Ucrânia está para durar e como a troca de paz pela perda de territórios «será a pior solução» para pôr fim ao confronto.
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Não eram muitos os analistas que esperavam que Vladimir Putin, Presidente da Federação da Rússia, ousasse atirar por terra todo o sistema de segurança internacional criado após a Segunda Guerra Mundial (1941-1945), mas ousou: fez a invasão da Ucrânia pela Rússia sem qualquer justificação válida.

Há muito que Putin dava sinais de que não estava disposto a ser um jogador secundário nas relações internacionais e o «primeiro tiro» foi dado no famoso discurso que fez na Conferência de Segurança de Munique em 2007.

Aí, o dirigente russo acusou os Estados Unidos de criarem um mundo unipolar sob a sua direcção, e acrescentou que semelhante política hegemónica fazia com que «ninguém se sentisse seguro, porque ninguém pode sentir que a lei internacional é como uma parede sólida que os protege. E claro que semelhante política estimula uma corrida aos armamentos».

Estas e outras declarações de Vladimir Putin provocaram alguma preocupação entre os dirigentes ocidentais, que não tiraram das suas palavras as devidas conclusões porque consideravam um líder sensato e com quem se podia dialogar.

Por isso, quando ocupava o cargo de primeiro-ministro, Putin passou à prática e decidiu mostrar na prática que, efectivamente, o Direito Internacional não é «uma parede sólida», que pode ser violado pela força.

Justificando-se com a defesa do direito à autodeterminação e independência das regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul na Geórgia, decidiu, em 2008, invadir esse país do Cáucaso.

Anos antes, o povo da Chechénia tentou sair da Federação da Rússia, mas o desejo de independência foi cruelmente esmagado pelas tropas russas, que deixou dezenas de milhares de mortos. O chamado Ocidente limitou-se a críticas verbais, fazendo o mesmo em 2014, quando Moscovo anexou o território ucraniano da Crimeia.

Não se pode passar ao lado de alguns «apelos à paz», subentendendo com isso o fim do apoio militar à Ucrânia e a troca de paz por perda de territórios. Será a pior solução para este conflito, pois Putin irá interpreta-la como um sinal de fraqueza de Kyiv e dos seus aliados e exigir mais e mais.

O aumento das exportações para a Rússia e da aquisição de combustíveis russos parece ser uma das razões para justificar as reacções fracas. Para isso contribuiu igualmente o facto de os políticos ocidentais, à excepção da maioria dos líderes de países da antiga «zona de influência» da União Soviética no Leste da Europa, acreditarem que Vladimir Putin era um parceiro sensato e moderno, não verem a inclinação da política interna e externa russa para o autoritarismo e expansionista.

A fraqueza dos países da União Europeia e da Aliança Atlântica fazia aumentar a ousadia de Putin na sua política expansionista. Isso levou-o a pensar que o mundo ocidental também desta vez não iria reagir de forma unida e firme face à invasão da Ucrânia pelas tropas russas a 24 de Fevereiro de 2022.

Além disso, o ditador esperava igualmente que os ucranianos o recebessem de braços abertos, o que não aconteceu.

A reacção do Ocidente foi a declaração de pesadíssimas sanções contra a Rússia, o seu isolamento internacional e o fornecimento de armas às tropas ucranianas.

No entanto, é preciso reconhecer que a realização dessas medidas deixa muito a desejar. Isto é visível na divergência quanto ao tipo e ao calendário de fornecimento de armamentos às forças armadas ucranianas.

É irresponsável e leviano exigir da direcção do Presidente Volodimyr Zelensky que acelere operações contra-ofensivas numa linha de fronteira de mais de mil quilómetros de comprimento e contra tropas russas fortemente entrincheiradas sem uma verdadeira força aérea ou com a proibição do recurso a armas mais modernas.

Não se pode passar ao lado de alguns «apelos à paz», subentendendo com isso o fim do apoio militar à Ucrânia e a troca de paz por perda de territórios. Esta será a pior solução para este conflito, pois Putin irá interpretar isso como um sinal de fraqueza de Kyiv e dos seus aliados e exigir mais e mais. Hitler é um bom exemplo disso…

O conflito deverá ser longo e continua a ser difícil deslumbrar a «fórmula de paz» para este perigoso confronto, não só para a Europa, como para todo o mundo.

 

*O autor escreve sem o Acordo Ortográfico

 

 

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