A Pobreza em Portugal: Trajetos e Quotidianos
De acordo com a taxa de pobreza aferida pelo Instituto Nacional de Estatística, 17,2% da população em Portugal encontrava-se em risco de pobreza em 2018. Este valor, composto por três algarismos, um separador decimal e um símbolo matemático, condensa as vidas de mais de 1,7 milhões de pessoas. Sem sabermos quem é e como vive esta parte da população, partindo das suas próprias perspetivas, dificilmente compreenderemos o país no seu todo.
É precisamente esse o propósito deste estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, coordenado por Fernando Diogo: compreender a diversidade da pobreza, conhecer as trajetórias da população pobre e perceber, de forma aprofundada, como vivem. Começa por apresentar a evolução dos principais indicadores de pobreza nos últimos anos para, de seguida, caracterizar a população em causa. Esta caracterização é feita, com base nos dados oficiais (do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento – ICOR) e, de seguida, através dos microdados que nos foram fornecidos pelo INE ao abrigo de protocolo específico, referentes ao ICOR 2017 e centrados nos indivíduos com 18 e mais anos. Estes microdados foram tratados usando, essencialmente, duas técnicas de análise estatística, Probit e ACM, através das quais foi possível identificar as variáveis mais pertinentes para a definição de perfis de indivíduos em situação de pobreza, e finalmente, identificar os quatro perfis de pobreza em Portugal retratados no estudo:
- Reformados
- Precários
- Desempregados
- Trabalhadores
Com este estudo, a Fundação procura dar a uma conhecer uma realidade muitas vezes esquecida ou até ignorada do país, cumprindo assim a sua missão de sempre de contribuir para o conhecimento mais aprofundado do país e para um debate público e político mais informado.