Indonésios, os novos pescadores de Portugal
Mais de 250 indonésios trabalham atualmente como pescadores no norte de Portugal, sobretudo na Póvoa de Varzim, onde representam já cerca de 85% da mão-de-obra no setor pesqueiro.
Estes trabalhadores chegam com formação profissional específica para a pesca, com os empregadores a suportarem os custos de viagem, alojamento e alimentação. Alguns vivem nos próprios barcos, muitas vezes sem condições adequadas, enquanto outros residem em casas partilhadas fornecidas pelos empregadores.
Com jornadas longas e exigentes no mar, a maioria envia a totalidade do seu salário, entre 600 e 700 euros, para as famílias na Indonésia. Muitos destes trabalhadores encontram-se legais em Portugal, mas estão impedidos de exercer plenamente a sua função, pois as autoridades não emitem a necessária cédula marítima.
Esta situação ocorre num contexto de crescente falta de trabalhadores portugueses no setor da pesca, causada pelos salários baixos, pelas condições duras e pelo elevado número de horas de trabalho. Como resultado, armadores e proprietários de embarcações têm cada vez mais recorrido à contratação de migrantes indonésios.
«Se não fosse esta solução de trazer trabalhadores da Indonésia e de outros países, o setor teria paralisado», afirmou à Lusa Humberto Jorge, presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (Anopcerco).
Fora do trabalho, os pescadores indonésios formam uma comunidade unida, apoiando-se mutuamente no dia a dia.
Nos tempos livres, quando não estão no mar ou a descansar nas embarcações, gostam de jogar à bola, passear pela cidade e participar nos eventos locais, integrando-se na vida da comunidade.