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Imagem de dois pescadores indonésios a pescar durante a noite. Crédito: Daniel Rodrigues

Indonésios, os novos pescadores de Portugal

Mais de 250 pescadores indonésios trabalham hoje no Norte do país, colmatando a falta de mão de obra nacional no setor pesqueiro. O fotojornalista Daniel Rodrigues, já premiado com um prémio da World Press Photo, seguiu-lhes o rasto, acompanhando o seu dia a dia, na Póvoa do Varzim.
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Mais de 250 indonésios trabalham atualmente como pescadores no norte de Portugal, sobretudo na Póvoa de Varzim, onde representam já cerca de 85% da mão-de-obra no setor pesqueiro.

Estes trabalhadores chegam com formação profissional específica para a pesca, com os empregadores a suportarem os custos de viagem, alojamento e alimentação. Alguns vivem nos próprios barcos, muitas vezes sem condições adequadas, enquanto outros residem em casas partilhadas fornecidas pelos empregadores.

Imagem de um pescador indonésio num barco de pesca português. Crédito: Ricardo Rodrigues.
Mais de 250 indonésios pescam hoje no Norte do país.
Imagem de dois pescadores indonésios a pescar durante a noite. Crédito: Daniel Rodrigues
As jornadas no mar são longas e exigentes.

Com jornadas longas e exigentes no mar, a maioria envia a totalidade do seu salário, entre 600 e 700 euros, para as famílias na Indonésia. Muitos destes trabalhadores encontram-se legais em Portugal, mas estão impedidos de exercer plenamente a sua função, pois as autoridades não emitem a necessária cédula marítima.

Esta situação ocorre num contexto de crescente falta de trabalhadores portugueses no setor da pesca, causada pelos salários baixos, pelas condições duras e pelo elevado número de horas de trabalho. Como resultado, armadores e proprietários de embarcações têm cada vez mais recorrido à contratação de migrantes indonésios.

«Se não fosse esta solução de trazer trabalhadores da Indonésia e de outros países, o setor teria paralisado», afirmou à Lusa Humberto Jorge, presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (Anopcerco).

Fora do trabalho, os pescadores indonésios formam uma comunidade unida, apoiando-se mutuamente no dia a dia.

Nos tempos livres, quando não estão no mar ou a descansar nas embarcações, gostam de jogar à bola, passear pela cidade e participar nos eventos locais, integrando-se na vida da comunidade.

Nos tempos livres, os pescadores indonésios em Portugal aproveitam as festas e eventos locais. Crédito: Daniel Rodrigues.
A comunidade é unida e junta-se para participar nas festas e eventos locais.
Pescador indonésio no norte de Portugal. Crédito: Daniel Rodrigues
As condições duras de trabalho e o elevado número de horas a bordo, tem levado ao abandono da atividade pelos portugueses.
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