Será que as relações são motivadas pela racionalidade económica? O casamento e a parentalidade potenciam desigualdades? Quais as consequências de crescer numa família monoparental? Na altura em que se celebra o Natal e como forma de marcar o último episódio desta temporada e da dupla de Hugos, vamos falar de famílias na perspetiva mais fria e objetiva: a da Economia.
Hugo Figueiredo traz à colação dois autores americanos de renome nesta área, Melissa Kearney e Gary Becker, para referir dados que não são animadores: a tendência para a monoparentalidade é um reflexo de como a instituição do casamento favorece os mais qualificados e com maior rendimento, potenciando as desigualdades sociais.
É legítimo, no entanto, colocar a pergunta: sendo a realidade social dos EUA tão diferente da nossa, será que em Portugal o mesmo se está a verificar? Faça play e despeça-se o ano do [IN] Pertinente Economia com um dos mais brilhantes episódios de 2023.
Famílias racionais:
Gary S. Becker, The Economic Way of Looking at Life (Coase-Sandor Institute for Law & Economics Working Paper No. 12, 1993).
Becker, G. S. (1991). A treatise on the family: Enlarged edition. Harvard University Press.
Adshade, M. (2013). Dollars and sex: How economics influences sex and love. Chronicle Books.
Goldin, C., & Katz, L. F. (2002). The power of the pill: Oral contraceptives and women’s career and marriage decisions. Journal of political Economy, 110(4), 730-770.
O casamento como um privilégio de classe:
Kearney, M. S. (2023). The Two-Parent Privilege: How Americans Stopped Getting Married and Started Falling Behind. University of Chicago Press.
Kearney, M. S., & Levine, P. B. (2017). The economics of nonmarital childbearing and the marriage premium for children. Annual Review of Economics, 9, 327-352. 15
Bons homens são cada vez mais difíceis de encontrar:
Autor, D., Dorn, D., & Hanson, G. (2019). When work disappears: Manufacturing decline and the falling
marriage market value of young men. American Economic Review: Insights, 1(2), 161-178.
Anelli, M., Giuntella, O., & Stella, L. (2021). Robots, marriageable men, family, and fertility. Journal of Human Resources, 1020-11223R1.
Buss, D. M. (1989). Sex differences in human mate preferences: Evolutionary hypotheses tested in 37 cultures. Behavioral and brain sciences, 12(1), 1-14.
Quanto vale um casamento?
Chiappori, Pierre-André, Bernard Salanié, and Yoram Weiss. 2017. Partner Choice, Investment in Children, and the Marital College Premium. American Economic Review, 107 (8): 2109-67.
Chiappori, P. A., Dias, M. C., & Meghir, C. (2018). The marriage market, labor supply, and education choice. Journal of Political Economy, 126(S1), S26-S72.
Bruze, G. (2015). Male and Female Marriage Returns to Schooling. International Economic Review, 56: 207-234. https://doi.org/10.1111/iere.12100
Chiappori, P. A. (2020). The theory and empirics of the marriage market. Annual Review of Economics, 12, 547- 578.
Dados sobre casamentos e parentalidade em Portugal:
Casamentos e Divórcios em Portugal, PORDATA, Fundação Francisco Manuel dos Santos
Académicos:
Melissa Kearney, Universidade de Maryland.
Pierre-André Chiappori, Universidade de Colombia
David Autor, MIT
David Buss, Universidade do Texas