Uma Naidoo: alimentação e cérebro não é assim tão simples

A alimentação é o caminho para um corpo são, mas será também essencial para uma mente sã? A dieta mediterrânica pode ajudar a combater a ansiedade, a depressão ou a falta de concentração?

A psiquiatra nutricional Uma Naidoo explica que para lá das doenças que são agravadas por uma má alimentação – como a diabetes ou a hipertensão –, o que servimos no prato também tem impacto na saúde mental.

A fundadora e diretora do primeiro e único Serviço de Psiquiatria Nutricional e Metabólica num hospital dos EUA diz que «as pessoas não associam a alimentação ao bem-estar mental e emocional» e, nesta entrevista, mostra como é importante preencher esta lacuna.

Como o cérebro e o intestino «têm origem nas mesmas células do embrião humano», a «chef» garante que a relação entre estes dois órgãos é essencial para explicar como o que comemos influencia o bem-estar emocional.

O mau humor, a falta de energia ou a ansiedade também podem ser explicadas, por vezes, pelo «nível de açúcar que é ingerido», salienta.

Sabe-se, por exemplo, que «o açúcar alimenta os micróbios maus no intestino» e favorece processos inflamatórios tal como a proliferação de substâncias tóxicas no organismo. E, segundo a especialista, «já foi demonstrado em estudos feitos com ressonância magnética e imagiologia que uma dieta rica em açúcar também danifica as células cerebrais».

Uma Naidoo destaca também que, mais recentemente, há investigações a relacionar o tipo de micróbios presentes no intestino (a microbiota intestinal) com o desenvolvimento de doenças como o autismo. «Estou entusiasmada para aprofundar este tema porque, quanto mais soubermos, mais podemos ajudar as pessoas a comerem de forma saudável desde cedo», sublinha.

Num mundo em que os alimentos ultraprocessados são baratos e de fácil acesso, a autora de «This Is Your Brain on Food» apela à importância de uma alimentação «limpa», que inclua uma grande variedade de vegetais, legumes e leguminosas, sempre adaptada a cada caso e a cada realidade. E relembra ainda que comida saudável está longe de ser sinónimo de sensaborona.