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Hein de Haas: Migrações não é assim tão simples

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«Não há nada mais permanente do que um migrante temporário. Não criem ilusões de que uma boa parte dos migrantes não veio para ficar». Quem o diz é o sociólogo e especialista em migrações Hein de Haas, convidado da entrevista «Migrações não é assim tão simples».

Ao vivo em Portugal, no auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, uma das vozes mais esclarecidas, mas também mais provocadoras sobre as migrações, explica que este tema quente da atualidade não é, na verdade, nem um fenómeno nem uma novidade.

«A migração é uma parte integrante daquilo que somos enquanto seres humanos e sociedades», diz, sublinhando que os movimentos migratórios acontecem «desde que a humanidade existe». A diferença, acrescenta, é a localização da Europa neste xadrez: passou de ser um ponto de partida (no colonialismo ou nas guerras mundiais) para ser um continente onde chegam cidadãos de todo o mundo.

Destacando que é impossível parar este movimento de pessoas, o sociólogo alerta para a hipocrisia de políticas que punem os migrantes em vez de punirem quem os aceita ilegalmente. «Nos Estados Unidos, o número de entidades patronais que são processadas, anualmente, por empregarem migrantes sem documentos é entre 10 e 15 por ano, sem zeros acrescentados», garante. 

«Se os políticos fossem realmente sérios e quisessem realmente combater o contrabando e imigração ilegal, iriam castigar os patrões», explica, acrescentando que a falta de consequências para quem os emprega alimenta a exploração e abusos.

Desfazendo as falsas narrativas sobre este tema – por parte da esquerda, que vê os imigrantes como «vítimas e refugiados», e por parte da direita, que fala na ameaça daqueles que «chegam para roubar empregos» –, o especialista diz que estes discursos escondem o verdadeiro problema: o facto de, «na Europa Ocidental e nos EUA, existir a maior falta de mão-de-obra de sempre, especialmente de migrantes pouco qualificados».

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