Cronologias

147 notáveis da oposição e da «ala liberal» do regime apresentam ao presidente do Conselho um pedido de aprovação dos Estatutos da SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social). Neles se incluem personalidades como João Salgueiro, Valentim Xavier Pintado, Joaquim Magalhães Mota, Alfredo de Sousa, Adérito Sedas Nunes, Mário Murteira, António Alçada Baptista, Gonçalo Ribeiro Teles, Afonso Moura Guedes, Emílio Rui Vilar e o próprio filho do chefe do Governo, Miguel Caetano. A 12 de março, Marcelo Caetano receberá alguns signatários do pedido de aprovação dos estatutos da SEDES, considerando positiva a entrevista. Os estatutos serão aprovados a 2 de outubro de 1970, por despacho do ministro do Interior. A 4 de dezembro, será finalmente constituída a SEDES, por escritura pública do 14.º Cartório Notarial de Lisboa. A 12 de dezembro terá lugar a primeira assembleia geral da SEDES, presidida por Emílio Vilar e onde se escolherá o respetivo conselho coordenador.

Na Assembleia Nacional, o deputado Francisco Sá Carneiro questiona o Governo sobre as garantias de defesa dos arguidos presos, defende a urgência de uma Lei de Imprensa e protesta contra os cortes feitos pela Censura a declarações suas.

O Decreto-Lei n.º 69/70 cria, na dependência directa do ministro do Ultramar, o gabinete do Plano de Desenvolvimento da Região do Zambeze, definindo o seu funcionamento e objectivos. Este plano estava articulado com a construção da barragem e aproveitamento hidroeléctrico de Cabora Bassa.

Após protestos contra as condições e os regulamentos existentes na prisão do Forte de Peniche, vários presos políticos são severamente espancados. O caso teve alguma repercussão pública. Um novo episódio de espancamentos repetir-se-á no início de outubro deste mesmo ano.*

Realiza-se o despedimento de 120 trabalhadores da Fábrica Pereira Roldão, na Marinha Grande.

Pela segunda vez desde o início do ano, os trabalhadores portuários de Leixões recusam-se a fazer horas extraordinárias.

Greve dos pescadores da sardinha em Peniche e no Algarve.

Realiza-se, na Casa do Alentejo, em Lisboa, uma assembleia de escritores para a discussão e votação dos estatutos da Associação Portuguesa de Escritores. A nova associação assume-se tacitamente como sucessora da Sociedade Portuguesa de Escritores, extinta em maio de 1965, após a atribuição do Grande Prémio de Novelística a Luandino Vieira, preso no Tarrafal por atividades políticas pró-independentistas em Angola. É eleita uma comissão promotora, encarregue da sua instalação, constituída por 25 escritores.

Ao declarar-se uma república, a Rodésia corta a última ligação ao Reino Unido.