Chuva intensa, na ordem dos 89 mm, durante 24 horas, abate-se sobre o Ribatejo e a Estremadura. Enormes cheias submergem povoações e provocam várias centenas de mortos nas periferias mais pobres da região de Lisboa. Pouco antes de o Governo ter imposto a cessação da contagem pública das vítimas, o Diário de Notícias (de 29 de novembro de 1967) refere 427 mortos. Segundo cálculos mais recentes, terão morrido cerca de 700 pessoas e, pelo menos, 1100 ficaram desalojadas. Algumas zonas de Odivelas, Póvoa de Santo Adrião, Loures, Vila Franca de Xira, Castanheira do Ribatejo, Carregado e Algés são destruídas pelas águas. Dezenas de bairros, muitos ilegais e de barracas, são sepultados pela lama. Devido à submersão das centrais telefónicas de Alhandra e Tojal, 10 000 telefones deixam de funcionar. Durante mais de quatro horas, a capital fica sem ligações telefónicas ao resto do país. Lisboa e os arredores ficam sem electricidade. O RCP é a única estação emissora que se mantém no ar, graças a um gerador. O RCP desempenha um papel crucial não só na divulgação das notícias, mas também no apoio à ação de salvamento, ajudando os bombeiros. O movimento de solidariedade gerado por esta catástrofe foi um importante instrumento de consciencialização política de muitos jovens que, pela primeira vez, puderam observar as condições em que viviam as camadas mais pobres da população portuguesa. Ao lado de bombeiros e militares, membros das associações de estudantes e de organizações católicas de juventude estavam no terreno a ajudar as populações afetadas. Passado o susto e a desorientação iniciais, o regime tenta, por meio da Censura, minorar os efeitos desta tragédia junto da opinião pública. Após as cheias a Fundação Calouste Gulbenkian oferecerá 100 000 contos ao Estado português para serem construídos bairros para os desalojados.