A Guerra de Gaza
No dia 7 de Outubro, o Hamas assassinou 1400 civis, feriu mais de 3 mil e raptou 200 pessoas em Israel. É o pior atentado terrorista contra Israel desde a sua fundação e o pior massacre contra os Judeus no pós-guerra.
A ofensiva do movimento islâmico palestiniano, que pertence à rede de milícias armadas que os iranianos dirigem no Médio Oriente, marca uma viragem na estratégia do Hamas e uma escalada deliberada do Irão, que quer levar a guerra a Israel e consolidar a sua posição como tutor da «causa palestiniana». Mesmo sem uma intervenção directa do Irão, os riscos de escalada são reais, se Teerão conseguir arrastar o Hizballah ou as suas milícias xiitas sírias e iraquianas para o confronto militar com Israel.
A Rússia, que consolidou a sua aliança com o Irão na Síria e na Ucrânia, está a lançar uma ofensiva diplomática contra Israel nas Nações Unidas e está preparada para impedir o isolamento internacional da principal potência xiita, em conjunto com a China.
A linha que separa as potências revisionistas dos defensores da ordem internacional é cada vez mais clara.
As autoridades israelitas foram apanhadas de surpresa pelo massacre e não têm uma estratégia política para responder à ruptura do Hamas. No mesmo sentido, as autoridades norte-americanas foram apanhadas de surpresa - na véspera do atentado, o Conselheiro de Segurança Nacional declarou que o Médio Oriente nunca tinha estado tão estável nos últimos vinte anos. O Governo de Israel tem de tentar resgatar os reféns, de punir o Hamas e destruir o seu aparelho militar em Gaza, mas não sabe o que fazer no dia seguinte.
O Presidente norte-americano Joe Biden quer impedir a escalada do conflito e enviou as forças indispensáveis para dissuadir uma intervenção, directa ou indirecta, do Irão e dos seus «proxies» no Líbano, na Síria, no Iraque ou no Yemen. Biden avisou o Irão, sem o nomear, para não cair na tentação de intervir na Guerra de Gaza.
Os Estados Unidos são a única potência que pode mediar o conflito. Biden foi ao encontro do primeiro-ministro Netanyahu e pôde obter a abertura da fronteira de Gaza para dar resposta à crise humanitária que se agravou com o cerco israelita.
Biden reiterou o seu empenho em manter o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia e a Israel - as prioridades políticas impostas a Washington por Moscovo, com a invasão russa da Ucrânia, e por Teerão, com o ataque terrorista do Hamas.
Tal como a Guerra Russo-Ucraniana, a Guerra de Gaza pode durar sem fim à vista. Tal como os responsáveis ucranianos, os responsáveis israelitas não podem deixar de exercer o seu direito de legitima defesa, mas não têm boas opções para responder aos seus agressores.
O Governo de Israel não pode ocupar Gaza, nem impor uma administração ao território, nem aceitar que o Hamas volte a impor o seu regime de terror. A Autoridade Palestiniana e a Organização de Libertação da Palestina, expulsa de Gaza pelo Hamas, não têm condições para governar o território.
Nesse quadro, as autoridades israelitas e palestinianas deviam aceitar a internacionalização da questão de Gaza. Os Estados Unidos, os Estados árabes que reconhecem Israel e as principais potências europeias podem formar um Grupo de Contacto para estabelecer uma administração transitória das Nações Unidas em Gaza, que garanta as condições para libertar a comunidade palestiniana do regime totalitário islâmico do Hamas e para a preparar para o exercício democrático do seu direito de autodeterminação.