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Imagem de alunos a fazerem exames na sala de aula

Como preparar o cérebro para a época de exames

Mais de 156 mil alunos realizam em junho os exames nacionais do ensino secundário. A psicóloga e especialista em Ciências da Saúde Joana Rato explica como, nesta fase, é importante dormir bem, cumprir horários de refeição e planear e organizar o estudo. As noitadas, em véspera de teste, são o erro mais comum e podem provocar as chamadas «brancas» durante as provas.

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1. Como podemos preparar o cérebro para a época de exames?

Em primeiro lugar garantir os princípios de saúde, ou seja, respeitar horas de refeição e comer bem (nutricionalmente equilibrado), dormir o número de horas recomendado e fazer exercício físico com regularidade. Ao nível do processo, é necessário planear bem o estudo, olhar para o horário e organizar os momentos e distribuí-los de acordo com as exigências e conhecimento prévio das matérias dadas. A preparação de exames não deve acontecer só no período de exames, é ao longo do ano, mas esta é fase em que se deve apostar nas revisões e testar o conhecimento de diferentes formas.

 

2. Quais são os maiores erros que os alunos fazem nesta altura de estudo?

O erro mais típico dos estudantes são as noitadas de estudo, sobretudo, na véspera de exames. O cérebro não responde nada bem a esse esforço e há maior probabilidade das conhecidas «brancas». De acordo com a investigação, a consolidação de memórias é beneficiada com uma boa higiene de sono. Vários trabalhos mostram que os estudantes com melhores desempenhos académicos são os que mais cuidam do seu sono e respeitam as recomendações internacionais quanto à regularidade da hora de deitar e o número de horas suficientes para o seu grupo de idade.

 

É necessário planear bem o estudo, olhar para o horário e organizar os momentos e distribuí-los de acordo com as exigências e conhecimento prévio das matérias dadas
Piscóloga e especialista em Ciências da Saúde

3. Que estratégias são mais eficazes para melhorar a aprendizagem?

Melhorar a forma de aprender é um processo multifatorial. Primeiro há que estabelecer um compromisso com as metas que se quer atingir. Só se atinge bons resultados se cumprimos as regras e colocarmos o estudo em prática. Nesta altura é preciso ser ativista do estudo e ignorar a vontade de procrastinar.

 

4. Que mecanismos comprovadamente nos ajudam a aprender melhor?

Aprender tem necessariamente de fazer recurso a capacidades cognitivas. Não se aprende se não recrutarmos a atenção, não se aprende se não memorizarmos a informação e não se aprende se não monitorizarmos os vários passos na execução de uma tarefa para identificar se chegámos ao conhecimento pretendido ou o que falhou. Também dificilmente se aprende se não treinarmos e se não tivermos a necessidade de obter um resultado. Todas as estratégias que ao considerarem o nível de desenvolvimento nos ajudam a manter a atenção, controlar distratores e procrastinação, bem como usar a memória de trabalho serão facilitadores de aprendizagem.

 

5. Os testes são uma forma eficaz de estimular o cérebro e melhorar o processo de aprendizagem?

 A ciência cognitiva já nos revelou que a prática de nos colocarmos à prova é uma das formas mais eficazes de empoderar a nossa memória sobre os conteúdos aprendidos e melhorar a capacidade de associação entre conceitos. Por vezes, ficamos com uma ideia de familiaridade sobre o que lemos ou ouvimos, mas considerando as matérias de estudo com maior complexidade, é preciso testar mais vezes, pois é nestes momentos de recuperação que também conseguimos identificar o que ainda não sabemos e é preciso rever.

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