Barómetro da Imigração: a Perspetiva dos Portugueses
O que pensamos
sobre a imigração
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Quantos estrangeiros há em Portugal, em percentagem da população?
Acha que a política atual de imigração facilita ou dificulta a entrada de imigrantes no país?
O número de estrangeiros em Portugal está a aumentar rapidamente. Que atitudes este fenómeno inspira na população?
O Barómetro da Imigração: a Perspectiva dos Portugueses ouviu 1072 pessoas de nacionalidade portuguesa à nascença.
Queremos saber também o que pensa.
QUANTOS IMIGRANTES?
Os estrangeiros a viver legalmente em Portugal representam cerca de 10% da população portuguesa.
A população estrangeira em Portugal cresceu a um ritmo moderado até meados dos anos 2000. Depois deu um salto, mas caiu durante a crise económica 2008-2015.
Desde então, o ritmo acelerou. O número de estrangeiros com estatuto legal de residência quase triplicou entre 2015 e 2023.
Em 1980, em cada 200 habitantes em Portugal, havia um estrangeiro.
Agora, há 20 estrangeiros em cada 200 habitantes.
Muitos acreditam, no entanto, que a proporção de imigrantes é bem maior. O Barómetro revela que aproximadamente duas em cada quatro pessoas (43%) acham que há mais de 20% de estrangeiros no país.
A estimativa inflacionada do número de imigrantes contrasta com outro dado revelado pelo Barómetro: pouco mais da metade dos inquiridos diz ter pouco ou nenhum contacto com estrangeiros.
OPORTUNIDADE OU AMEAÇA?
Os imigrantes são fundamentais para a economia do país?
Dois terços dos inquiridos no Barómetro acham que os imigrantes sãofundamentais para a economiado país.
Isto significa que os imigrantes são bem vistos? Aparentemente, não.
Uma maioria expressiva acha que os estrangeiros aumentam a criminalidade.
Também a maioria acredita que os imigrantes contribuem para manter os salários baixos.
E uma minoria é da opinião que os imigrantes contribuem mais para a Segurança Social do que recebem.
Os imigrantes não são considerados todos da mesma forma. Pelo contrário, as opiniões reveladas no Barómetro variam conforme a origem dos estrangeiros que vivem em Portugal.
Os que vêm da Índia, Paquistão, Nepal e outros países do subcontinente indiano – cuja população em Portugal tem vindo a aumentar consideravelmente nos últimos anos – são vistos com menor aceitação.
Mais da metade das pessoas acha que a presença de imigrantes dessa região traz desvantagens para o país.
No mesmo sentido, embora numa escala menor, estão as opiniões sobre os estrangeiros do Brasil…
da China…
de África…
e do Leste Europeu.
Só em relação aos imigrantes de países ocidentais é que a balança pende para o outro lado: há mais pessoas que consideram que trazem vantagens para o país.
Seis em dez inquiridos no Barómetro dizem que o número de imigrantes do subcontinente indiano deveria diminuir.
Cerca de metade pensa o mesmo quanto aos imigrantes do Brasil, China, África e Leste Europeu.
Já em relação aos estrangeiros de países ocidentais, os que acham que o seu número deve diminuir são muito menos: 25%.
Os estrangeiros são muito diferentes dos portugueses em termos de usos e costumes? Uma expressiva maioria considera que os do subcontinente indiano e da China são muito diferentes.
DIREITOS, SIM OU NÃO?
Concorda que os imigrantes, logo que chegam, devem ter os mesmos direitos que os portugueses?
Há ligeiramente mais pessoas a concordar do que a discordar com a afirmação. Uma em cada cinco diz que não concorda, nem discorda.
Votar, naturalizar-se e trazer a família para Portugal são direitos que a maioria reconhece aos estrangeiros legalmente residentes no país.
Direitos sim, mas desde que os estrangeiros respeitem a lei e tenham trabalho. Caso contrário, devem regressar aos seus países - na opinião da maioria dos inquiridos.
As condições de vida dos imigrantes são piores, iguais ou melhores do que as dos portugueses?
Os inquiridos no Barómetro tendem a achar que os imigrantes têm piores condições de trabalho e de habitação.
Mas têm condições iguais no acesso à saúde, à educação e à justiça.
RESTRINGIR OU FACILITAR?
A maioria dos inquiridos acha que a política atual de imigração é pouco regulada e facilita a entrada de imigrantes.
No entanto, a política de imigração ideal, para a maioria dos inquiridos, deveria ser exatamente a oposta.
Em vez de pouco restritiva…
…deveria ser mais regulada, criando dificuldades à entrada de imigrantes.
O Barómetro revela que há uma correlação desta opinião com a orientação política dos inquiridos: quanto mais à direita se posicionam, mais concordam com uma política musculada.
Mas não é a única correlação a ter em conta. Por exemplo, os inquiridos que acham que os estrangeiros têm melhores condições de vida do que os portugueses tendem a ter opiniões mais desfavoráveis à imigração.
Mais contrários à imigração são também os que acham que os estrangeiros aumentam a criminalidade,…
…os que têm maiores níveis de desconfiança em relação aos outros,…
…ou os que acham que, para subir na vida, é preciso esforço e mérito.
No sentido oposto, tendem a ser mais favoráveis à imigração os que estão mais satisfeitos com a democracia,…
…os que acham que os estrangeiros contribuem mais para a Segurança Social do que recebem,…
…ou os acreditam na importância do igualitarismo.
1072 pessoas ouvidas
Principais mensagens
Uma em cada quatro pessoas acredita que os estrangeiros constituem mais de 30% da população portuguesa – um enviesamento por excesso.
A maioria acha que os imigrantes são fundamentais para a economia do país e que devem ter direitos como votar, naturalizar-se ou trazer a família para Portugal.
Apesar disso, em muitos outros aspetos, a imigração é mais vista como uma ameaça do que como uma oportunidade.
As opiniões são diferentes conforme a origem dos imigrantes, e há uma forte oposição aos que vêm do subcontinente indiano.
A política de imigração atual é vista como facilitadora da entrada dos imigrantes, mas a maioria acha que deveria ser o contrário.
Há uma correlação entre visões mais desfavoráveis à imigração e outros fatores – como ser de direita, desconfiar dos outros ou valorizar a meritocracia.
No outro sentido, a imigração é bem vista por quem está mais satisfeito com a democracia, valoriza o igualitarismo ou considera que os imigrantes pagam mais do que recebem da Segurança Social.
BARÓMETRO FFMS
Esta infografia baseia-se num inquérito e estudo executados pela DOMP, S.A. e por Rui Costa Lopes (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), João António (Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa) e Pedro Góis (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra) para a Fundação Francisco Manuel dos Santos. O relatório completo do estudo encontra-se disponível aqui.
Infografia e desenvolvimento de Francisco Lopes, José Alves e Ricardo Garcia