Realiza-se em Tomar, no claustro do tribunal da comarca, o julgamento popular de José Diogo Moniz, um trabalhador rural, antigo emigrante na Suíça, que matou à facada Columbano Líbano Monteiro, um latifundiário de Castro Verde, de 78 anos de idade. A UDP, o PUP e a FEC (ml) fizeram do caso uma bandeira política e do seu autor um herói revolucionário. Defendiam estes partidos de extrema-esquerda que o réu não podia ser julgado pela «justiça burguesa e capitalista», devendo ser promovido um julgamento por tribunal popular. O «camarada Zé Diogo» foi absolvido do homicídio e o latifundiário, ex-legionário, amigo íntimo de Santos Costa, veterinário e antigo presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, condenado a título póstumo «pela opressão e exploração que exerceu sobre o povo». Mesmo juridicamente este caso de homicídio era relativamente complexo, pois não se tratava de um homicídio puro e simples, mas de uma morte que se seguiu a uma agressão com arma branca, havendo quem defendesse tratar-se de um caso de homicídio praeter-intencional, ou seja que vai para além da intenção inicial da agressão. Columbano Líbano Monteiro faleceu passados cerca de 10 dias, num hospital de Lisboa, em resultado de uma infeção peritoneal, provocada por ferimento com arma branca. A absolvição pelo tribunal popular de Tomar em 1975 não chegou para libertar José Diogo Moniz que acabaria por ser julgado no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa. Foi defendido graciosamente pelo advogado Amadeu Lopes Sabino. Os juízes condenaram-no a seis anos de cadeia. José Diogo, contado o tempo que esteve preso à espera de julgamento, saiu em liberdade condicional meses depois.