Decorre a campanha eleitoral para a nova Assembleia Nacional, que será dotada de poderes constituintes. Em Lisboa, Porto e Braga surgem várias listas da oposição. Noutros distritos houve listas unitárias reunindo todas as sensibilidades oposicionistas. A oposição concorre a 99 dos 130 lugares da Assembleia Nacional. Vários candidatos da oposição foram recusados pelas autoridades: Victor de Sá e Humberto Soeiro (CDE de Braga), Alberto Costa (CDE de Leiria), Hugo Blasco Fernandes (CDE de Santarém) e Firmino Martins (CDE de Lisboa). No círculo de Portalegre, toda a lista da oposição foi recusada. Os cadernos do recenseamento eleitoral, realizado sob a exclusiva responsabilidade do Governo, incluíam apenas cerca de 1 800 000 cidadãos, aproximadamente 20% da população da população do continente e ilhas. Quanto aos territórios Ultramarinos, os números são desconhecidos, quer no caso do recenseamento, quer no dos resultados. Todavia, crê-se que, para uma população de cerca de 13 milhões de pessoas, não haveria mais do que 500 000 eleitores. Apesar das promessas de abertura política de Marcelo Caetano, durante toda a campanha eleitoral mantiveram-se fortes restrições ao direito de reunião e ao acesso aos meios de comunicação social. A Censura esteve bastante ativa e registaram-se assaltos policiais a sedes da oposição, bem como prisões e espancamentos de candidatos e seus apoiantes. Membros da Legião Portuguesa assaltaram a sede nacional da CDE, no Campo Pequeno. O médico Rui Oliveira foi preso e conduzido ilegalmente para a sede da Legião. A Polícia Judiciária abriu um inquérito e foram deduzidas acusações de ofensas corporais graves e cárcere privado. Contudo, os crimes foram arquivados e amnistiados. O escritor Urbano Tavares Rodrigues também foi agredido por elementos da Legião, à saída de uma sessão da CDE.