Início dos trabalhos de construção da Barragem de Cabora Bassa, pelo consórcio Zamco, com a participação de empresas da África do Sul, RFA, França, Itália e Portugal e com o apoio de bancos sul-africanos, italianos e portugueses. Trata-se de uma iniciativa sem precedentes em Portugal (a maior barragem em volume de betão de África) e de intenções políticas evidentes: eixo Lisboa-Pretória-Salisbúria. A sua construção, bem como a da Barragem de Cunene, em Angola, pretende alterar os dados geopolíticos da África Austral, permitindo, além da energia elétrica obtida, fixar 1 milhão de colonos. A importância do projeto é assim descrita pelo Diário de Notícias de 14 de novembro de 1969: «A construção da Barragem de Cabora Bassa não permitiria apenas terminar com a guerrilha, que é muito ativa no norte de Moçambique desde há cinco anos, mas também instalar 1 milhão de portugueses no Vale do Zambeze, o que não é só de uma grande importância para o futuro de Moçambique, mas também para o de toda a África Austral.» A construção da barragem obrigou ao realojamento de cerca de 40 000 camponeses em novos aldeamentos.