Tem início o conjunto de investigações conhecido como operação Mãos Limpas, no qual se investigaram as relações de promiscuidade, corrupção e financiamento ilegal entre empresários e políticos, maioritariamente ligados à Democracia Cristã (DC) e ao Partido Socialista Italiano (PSI). O conjunto de investigações começa com a chamada operação Tangentopoli, durante a qual os magistrados de Milão apanharam em flagrante o socialista Mario Chiesa a receber subornos de um empreiteiro. As investigações darão origem a uma sucessão de outros casos que derrubarão o sistema de partidos italiano herdado do pós-guerra. A equipa de magistrados da operação Mãos Limpas entregará à justiça mais de três mil dossiers, resultantes de 20 mil inquéritos. Durante a operação foram expedidos 2993 mandados de prisão, investigadas 6059 pessoas, incluindo 872 empresários, 1978 autarcas e 438 deputados e senadores, quatro dos quais antigos primeiros-ministros. A operação Mãos Limpas provocou um terramoto político que dará origem à ascensão de partidos regionais e do empresário e futuro primeiro-ministro Silvio Berlusconi, também ele envolvido em várias das investigações. Berlusconi e os seus aliados políticos tentarão coarctar as investigações e desmembrar a equipa de magistrados, que sofrerá várias acusações de prepotência e de alinhamento com os partidos de esquerda. Apesar de todos estes inquéritos judiciais, dez anos depois, em 2002, nenhum dos condenados estará na prisão (apenas um permanecerá em detenção domiciliária). Segundo o juiz Gherardo Colombo, o combate à corrupção fez com que um quilómetro de via férrea em Milão, que antes das Mãos Limpas custava 80 mil milhões de liras (40 milhões de euros), custasse apenas 44 mil milhões em 2002.