Cronologias

Deslocando-se num avião da TAP para o efeito expressamente fretado pela Junta de Salvação Nacional, Mário Soares torna-se o primeiro mensageiro da Revolução de 25 de abril na Europa, percorrendo as capitais de Estados-membros da CEE. Nos dias seguintes é recebido em Londres por Harold Wilson e James Callaghan. Em Bona por Willy Brandt, em Roma por Pietro Nenni e no Vaticano pelo cardeal Agostino Casaroli. Encontra-se em Helsínquia com os quatro líderes da social-democracia escandinava – Olaf Palme (Suécia), Kalevi Sorsa (Islândia), Tygrevie Brateïí (Noruega) e Anker Jorgensen (Dinamarca) – para explicar aos chefes de Estado e de Governo europeus a importância das modificações ocorridas em Portugal.

O Decreto-Lei n.º 184/74 determina a obrigatoriedade de aceitação de cheques quando o valor seja superior a 500$00.

É publicada uma nota pastoral do episcopado português sobre os acontecimentos de 25 de abril. Os bispos recomendam aos sacerdotes e religiosos que trabalhem «pela concórdia e pela paz» e que se abstenham de «assumir cargos de direção ou militar ativamente em qualquer partido político». Lembram aos leigos que «nenhum cristão ou agrupamento político poderá reinvindicar de modo exclusivo, para a sua opinião, a autoridade da Igreja». Dizem sentir «com todo o povo os anseios e esperanças da hora presente» e formulam votos de que sejam «postos de parte ódios, vinganças e lutas de classes». Nesse mesmo dia cessa a publicação o jornal «Novidades», órgão do episcopado, muito conotado com as fações mais conservadoras do Estado Novo. Será definitivamente encerrado a 1 de março de 1975.

Realiza-se em Lisboa uma manifestação de caixeiros que reivindicam a semana americana no setor do comércio.

Francisco Costa Gomes, membro da Junta de Salvação Nacional e chefe do Estado-maior General das Forças Armadas efetua uma viagem a Luanda, acompanhado, entre outros, pelo general Manuel Diogo Neto. A 12 de maio, Costa Gomes e a sua comitiva visitam Moçambique, realizando igualmente reuniões com as chefias militares deste território ultramarino e com as autoridades civis. A 13, na Beira, milhares de brancos manifestaram-se contra o crescente poder da Frelimo em frente ao palácio do governo, onde se encontravam os generais Costa Gomes e Diogo Neto.

No Palácio de Cristal, no Porto, realiza-se o I Encontro Livre da Canção Popular. Seria retransmitido às 21h30 pela Emissora Nacional.

A Associação Industrial Portuguesa divulga um comunicado de apoio à JSN e ao Governo Provisório, defendendo «a livre iniciativa e a necessária associação à CEE».

No seguimento de uma manifestação contra a Guerra Colonial, militantes do MRPP impedem o embarque de tropas para África. A extrema-esquerda será uma das forças mais persistentes na contestação ao envio de militares e à continuação da presença das Forças Armadas nas colónias. O número de efectivos nos três teatros de operações passou de 49422, em dezembro de 1961 para 149090 efetivos, em dezembro de 1973.

É divulgado um comunicado do recém-formado Partido Social Democrata Cristão. Entre maio e junho surgiriam em Lisboa e no Porto outros partidos de direita e extrema-direita: Partido da Democracia Cristã (10 de maio), Partido Nacionalista Português (31 de maio), Partido Liberal e, mais tarde, Partido do Progresso (ligado ao nacionalista Fernando Pacheco de Amorim).