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De que trata o ensaio «Crise e crises em Portugal»

De que trata o ensaio «Crise e crises em Portugal»

Carlos Leone explica em que sentidos o seu ensaio aborda o tema da crise
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Crise económica? Crise financeira? Crise política? Não, este ensaio não fala desses aspectos concretos da crise, ou das crises portuguesas. Carlos Leone explica: este livro é sobre o que «crise» significa, como conceito e historicamente.

 

A crise é culpa de quem? E quais são as suas maiores vítimas?

Este livro não se dedica a encontrar culpados, genéricos (banca, políticos) ou individuais (o político A ou o magnata X). Também não se dedica muito às vítimas, por consequência. Não é um ensaio para integrar a indústria das «revelações» e dos escândalos. Interessa-se por um tema que tem uma história longa mas quase sempre ignorada. A crise é coisa familiar mas muitas vezes mal conhecida.

É um livro de auto-ajuda?

Não, é um ensaio. Não diz ao leitor como se sente nem o que deve fazer a respeito disso. Tenta apresentar de forma acessível a todos, no espírito da colecção, um tema muitas vezes confuso ou demasiado simplificado, em que a palavra crise é ouvida vezes sem conta até não ter grande sentido.

Com o tempo, começou-se a falar menos em «crise» (um momento de viragem decisiva em algum processo importante) e multiplicaram-se as crises (económica, política, etc.). Além disso, gerou-se uma sensação permanente de «estar em crise», um ambiente.

O que é a crise?

É uma palavra antiga, a que se dedicam as três primeiras partes do livro. Tem uma história que a liga a outros termos frequentes (como crítica) e a muitas áreas da vida social (da medicina ao Direito). Com o tempo, começou-se a falar menos em «crise» (um momento de viragem decisiva em algum processo importante) e multiplicaram-se as crises (económica, política, etc.). Além disso, gerou-se uma sensação permanente de «estar em crise», um ambiente, que é um terceiro aspecto ainda mais ambíguo. Como não há nenhuma disciplina específica que compreenda todos os ângulos, em vez de a pretender explicar é mais útil um ensaio para dar conta da crise, nos seus vários termos e usos.

É um livro sobre Portugal?

Não especialmente, mas a quarta e última parte deste livro não esconde a sua proveniência. Começa com uma descrição do ambiente geral de crise, em modo ficcional para ser mais expressiva; continua com uma crítica a um livro recente de Luciano Amaral sobre a história de Portugal vista como uma sucessão de crises; e termina com uma hipótese do que poderá significar uma crise em sentido forte em Portugal.

O tema da crise parece ser o nosso eterno presente, resiste a perder actualidade.

Mais uma crise é o que nos faz falta?

O livro não apresenta uma tese para persuadir o leitor dela — nem política, nem filosófica, nem outra. Não é um livro pessoal, muito menos um manifesto. As preferências pessoais são pouco relevantes aqui.

Porquê este livro agora?

O tema da crise parece ser o nosso eterno presente, resiste a perder actualidade. A FFMS interessa-se por ele, como mostra o recente Crise e Castigo (numa clave económica, sem qualquer relação com este ensaio). E o autor já escreveu sobre este tema várias vezes, mediante outros conceitos (crítica, cesurismo).

O ensaio 'Crise e Crises em Portugal' está disponível na loja online da Fundação. Vai ser apresentado no dia 14 de Novembro, às 18:30, na FNAC Chiado.

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

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