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Imagem de um antrorrobô, criado a partir de células humanas por investigadores da Universidade de Tufts @Advanced Science

Como funcionam os robôs construídos a partir de células humanas?

Chamam-se antrorrobôs e foram criados a partir de células humanas. Têm a capacidade de se movimentarem sozinhos e regenerar células neurológicas danificadas. Michael Levin, cientista da Universidade de Tufts, nos EUA, um dos seus criadores, explicou à FFMS que no futuro poderão ser usados em tratamentos de cancro. Parece ficção científica, mas é verdade.
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O que são os antrorrobôs?

São robôs multicelulares microscópicos construídos a partir de células do pulmão ou traqueia doadas por pacientes submetidos a biópsias. Podem ter várias formas e as suas dimensões variam desde a espessura de um cabelo à ponta de um lápis afiado. Ainda se encontram em fase de estudo e nunca saíram de laboratório.

 

Como atuam?

Os antrorrobôs foram testados em neurónios humanos cultivados numa placa de laboratório que tinha sido “arranhada” para imitar danos no cérebro humano. Os cientistas da Universidade de Tufts verificaram que os robôs conseguiam mover-se sobre a região afetada, estimulando o crescimento das células neurológicas adjacentes para cobrirem - e curarem - o tecido danificado. No entanto, segundo o estudo publicado na revista Advanced Science, que divulga esta descoberta científica, os investigadores ainda não compreendem totalmente qual o mecanismo de cura.

Como se deslocam no interior do corpo humano?

Deslocam-se usando cílios, pequenos pelos na sua superfície. «Nos nossos pulmões, os cílios normalmente impulsionam o muco e as partículas para cima e para fora do corpo. Mas os antrorrobôs utilizam-nos como pequenos remos, para remar contra o meio em que vivem e, assim, poderem nadar sozinhos», explicou à FFMS Michael Levin, cientista da Universidade de Tufts e líder da equipa de investigação.

Que vantagens terapêuticas trazem?

Ainda numa fase inicial da investigação, os cientistas adiantam que os robôs poderão ser usados como ferramentas terapêuticas na cura de lesões neurológicas, estimulando o crescimento de neurónios em áreas circundantes dos tecidos danificados.

«É [ainda] possível que no futuro ajudem a detetar e a interagir com as bactérias do intestino e células cancerígenas. Poderão exercer funções pró-regenerativas em várias partes do corpo, como as articulações, vasos sanguíneos, espinal medula e a retina», disse Levin.
 

O facto de estes robôs serem feitos a partir de células do próprio paciente ­- e sem a utilização de qualquer outro material genético - elimina o risco de rejeição quando usados no corpo humano, pois não será desencadeada uma resposta imunológica nem será necessário o uso de imunossupressores. Depois de algumas semanas, os robôs decompõem-se naturalmente e são absorvidos pelo corpo.

Podem ser usados com segurança?

Os investigadores garantem que estes robôs serão seguros para a saúde dos pacientes: «São benignos - não requerem qualquer modificação genética, não se reproduzem ou evoluem e biodegradam-se espontaneamente», afirmou Levin.

Há implicações éticas na sua utilização?

Os robôs são construídos a partir de células de pacientes adultos que, caso não fossem utilizadas, seriam destruídas. Segundo Michael Levin «não é utilizado tecido embrionário», por isso «não existem problemas éticos com a sua utilização, como acontece com muitas outras tecnologias».

Quando começarão ao ser usados?

Ainda não existem previsões de quando poderão passar a ser usados em contexto hospitalar. Os cientistas não conseguem prever exatamente como a investigação evoluirá, nem quanto tempo poderá demorar o processo de regulamentação e aprovação para uso clínico.

Quais os próximos passos da investigação?

Os investigadores vão tentar perceber se os robôs poderão ser construídos a partir de outro tipo de células que não apenas as da traqueia e do pulmão. Querem também perceber se diferentes combinações de células poderão ser criadas para multiplicar potenciais utilizações terapêuticas.

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