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Anu Bradford: efeito Bruxelas não é assim tão simples

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«A União Europeia é um dos maiores e mais ricos mercados de consumo. E poucas empresas globais podem dar-se ao luxo de não realizar transações comerciais na UE», destaca Anu Bradford, especialista em economia global e regulação digital, que cunhou o termo «Efeito Bruxelas» para descrever a influência europeia nos mercados globais.

Nesta entrevista «Isto não é assim tão simples», a autora de «The Brussels Effect: How the European Union Rules the World» – considerado um dos melhores livros de 2020 pela revista Foreign Affairs , explica que apesar da disputa entre os EUA e a China pela influência sobre várias indústrias (incluindo as tecnológicas), é na Europa que se definem as regras deste xadrez.

Paradigmáticas são as rigorosas regulamentações impostas pela UE, que acabam por se tornar no padrão global, influenciando as empresas de outros países a adotá-las, para poderem vingar no cobiçado mercado europeu.

Anu Bradford defende que «as empresas globais gostam de uniformidade» e que é na Europa que encontram o padrão. A especialista aponta o caso da indústria automóvel, lembrando que [os fabricantes] não querem ter várias linhas de produção diferentes para produzirem carros para cada um dos mercados.

O «Efeito Bruxelas» estende-se a múltiplas preocupações que estão na ordem do dia, como as questões da proteção ambiental ou da privacidade de dados face ao avanço da tecnologia, incluindo a Inteligência Artificial.

Para a professora da Columbia Law School, o padrão ambiental europeu mais rigoroso e a legislação que protege dados pessoais revelam como a Europa tem respondido positivamente aos desafios atuais.

Mas poderá isto ameaçar a competitividade económica do velho continente? E poderá atrofiar o desenvolvimento do tecido tecnológico? A especialista discorda, mas garante que, ainda assim, a União Europeia tem muito a aprender com o modo como outras potências lidam, por exemplo, com o falhanço.

A poucos dias de os europeus serem chamados a escolher os seus representantes em Bruxelas, Anu Bradford fala sobre os problemas de hoje e os que se avizinham. «Veremos, a longo prazo, que o caminho que os europeus têm definido, consiste principalmente em escolhas certas», diz. No entanto, alerta que decisões futuras devem garantir «não só o bem-estar, mas também a segurança e proteção fundamental dos europeus».

 

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