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Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre o impacto do encerramento de multinacionais em Portugal.

Encerramento de multinacionais

O que acontece quando uma empresa multinacional fecha uma subsidiária em Portugal? Qual o impacto económico desse encerramento? Que consequências tem para os seus trabalhadores? Encontre a resposta a estas e outras questões neste estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
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Estudo Encerramento de multinacionais, da Fundação Francisco Manuel dos Santos
Encerramento de multinacionais - O capital que fica

Nas últimas décadas, as subsidiárias das empresas multinacionais (EMN), isto é, aquelas empresas em que uma parte do capital social pertence a uma empresa-mãe com capital social estrangeiro, converteram-se em pilares fundamentais da economia dos países de acolhimento. O encerramento de uma subsidiária pode acarretar perdas avultadas, quer em termos financeiros, quer em termos de prestígio para a empresa, assim como problemas significativos tanto para os trabalhadores como para as comunidades no seu todo.

Veja-se, no nosso país, o exemplo da Rohde, uma subsidiária alemã que operava no setor do calçado. A empresa encontrava-se em Portugal desde 1984 e tinha a sua produção orientada para a exportação. A Rohde contava com duas fábricas: uma em Santa Maria da Feira e outra em Pinhel. Detinha ainda cinco lojas próprias: quatro na zona norte e uma em Lisboa. A empresa acabaria por fechar as instalações produtivas de Pinhel (em 2006) e de Santa Maria da Feira (em 2010). Em Pinhel, a Rohde chegou a contar com mais de 700 trabalhadores e, quando encerrou, a unidade empregava cerca de 370 funcionários, o que representava aproximadamente 16% da população ativa do concelho. Em 2010, o encerramento da fábrica de Santa Maria da Feira levou à destruição de aproximadamente 970 postos de trabalho. Este caso suscitou polémica visto que a subsidiária recebeu vários apoios nos últimos anos, nomeadamente, uma subvenção do Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização (FEG) de 1,4 milhões de euros.

Muito poucos estudos, porém, investigam as consequências que os encerramentos de subsidiárias de EMN exercem sobre o país de acolhimento. Este estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos visa colmatar essa escassez: compreender os fatores subjacentes à longevidade das subsidiárias das EMN é fundamental, não só para os trabalhadores das subsidiárias, como para os gestores das EMN que fazem avultados investimentos e ainda para os decisores políticos que se veem a braços com as consequências do fecho.

Para esse efeito, sintetiza três trabalhos empíricos elaborados por uma equipa de investigadores de várias universidades sobre o encerramento de subsidiárias de multinacionais em Portugal:

  • um primeiro sobre o efeito das estratégias de capital humano inicial, quando as empresas multinacionais se instalam em Portugal;
  • um segundo sobre o efeito do encerramento de EMN nas jovens empresas nacionais;
  • um terceiro sobre como é afetado o desempenho das subsidiárias de empresas multinacionais quando os seus gestores têm experiência enquanto empreendedores.


O objetivo deste estudo foi perceber que efeitos acarreta este fenómeno e que marcas, positivas e negativas, deixa nos antigos trabalhadores, nas empresas que operam na mesma região da subsidiária encerrada e nas próprias regiões em que as empresas multinacionais estão mais representadas, contribuindo assim a Fundação para um conhecimento mais aprofundado sobre esta realidade da economia portuguesa.

Entre 1985 e 2015, as emn representavam cerca de 1% das empresas da economia portuguesa, verificando-se uma maior preponderância de subsidiárias totalmente detidas por capitais estrangeiros. Sucede que este pequeníssimo conjunto emprega mais de 10% da força de trabalho nacional. Como se pode deduzir, as subsidiárias de emn em geral e as empresas estritamente estrangeiras em particular, caraterizam-se por terem uma dimensão média muito superior às empresas estritamente nacionais. Esta tendência tem vindo a acentuar-se ao longo do tempo. Se, em 1985, o emprego associado a subsidiárias de multinacionais não chegava aos 9%, trinta anos volvidos, este número representa mais de 15%.
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