Após a missa presidida pelo cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, na Igreja de São Domingos, em Lisboa, um grupo de leigos lê-lhe um documento e anuncia-lhe a intenção de mais de uma centena de fiéis permanecer em vigília no interior do templo. O cardeal não concorda com alguns pontos do documento, mas, antes de se retirar, aceita a realização da vigília nocturna, que dura até às 6 da manhã do dia 1 de janeiro. Esta vigília posicionou-se contra a Guerra Colonial e procurou enquadrar-se na decisão tomada por Paulo VI, a 8 de dezembro, de que o primeiro dia do ano passasse a ser comemorado pela Igreja Católica como Dia Mundial da Paz. No dia seguinte, quatro delegados comunicaram ao cardeal-patriarca Cerejeira as suas intenções. Sophia de Mello Breyner escreveu propositadamente para essa noite os versos da «Cantata da Paz» («Vemos, ouvimos e lemos/Não podemos ignorar»), musicada por Francisco Fernandes e cantada por Francisco Fanhais. Entre outros, estiveram presentes Nuno Teotónio Pereira, Francisco de Sousa Tavares, Vítor Wengorovius, Luís Moita e Catalina Pestana. A 8 de janeiro de 1969, o Patriarcado de Lisboa publica uma nota condenando o «carácter tendencioso» da vigília e a «confusão, indisciplina e revolta» que tais manifestações alimentavam.