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Imagem de uma mão humana que interage com uma mão robótica

Relações afetivas entre humanos e máquinas serão relativamente comuns

Em 2013, quando estreou o filme «Her», em que o protagonista se apaixona pela voz do seu computador, a história tinha poucas âncoras na realidade. Em poucos anos, tudo mudou. A Inteligência Artificial (IA) Emocional consegue ler e interpretar as emoções, tornando o nosso dia a dia mais próximo da ficção. Arlindo Oliveira, professor catedrático e presidente do Instituto de Sistemas e Computadores, explica que as relações afetivas entre humanos e máquinas serão algo «relativamente comum» no futuro. Robôs humanóides, «chatbots» e terapeutas virtuais são apenas algumas das aplicações desta tecnologia.
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O que é a IA Emocional?

É um segmento da IA que avalia, interpreta, simula e reage às emoções humanas, através de texto, vídeo ou áudio. Os sistemas de IA emocional utilizam dados como expressões faciais, entoação, linguagem escrita  ou até a velocidade com que alguém escreve no computador  para inferir emoções.

Em que áreas é usada?

Pode ser aplicada em diversas áreas, como a assistência pessoal e a assistência ao cliente, saúde mental, educação, indústria automóvel e publicidade.

Estamos a falar apenas de robôs humanóides que interagem com pessoas?

Não exclusivamente. A IA Emocional pode chegar aos utilizadores de diversas formas: por exemplo, através de um chatbot de uma empresa de telecomunicações que consegue ler as emoções do cliente e evitar que este cancele um contrato, ou de um carro que reduz a velocidade automaticamente quando percebe pelo tom de voz do condutor que ele poderá estar em stress ou sonolento, ou até um robô  com maior ou menor semelhança física a humano – que interage com pessoas idosas.

Que vantagens tem a IA Emocional para a vida em sociedade?

Arlindo Oliveira acredita que a IA Emocional permite melhorar a qualidade de interação entre os humanos as máquinas, pois a compreensão de emoções é crucial quando comunicamos. O especialista refere que os idosos – geralmente mais vulneráveis a problemas de solidão  poderão «beneficiar muito de sistemas [de IA emocional] adequados».

Que riscos lhe estão associados?

Os críticos da IA Emocional estão preocupados com o abuso de privacidade na utilização dos dados dos consumidores e alertam para a possibilidade de discriminação por parte dos sistemas de IA na leitura de emoções de pessoas de diferentes etnias e culturas. Existe igualmente o risco de os seres humanos desenvolverem relações emocionais aditivas e pouco saudáveis com robôs humanóides.

Poderão as relações afetivas entre humanos e máquinas fazer parte da realidade no futuro?

Para Arlindo Oliveira, essa será uma realidade «relativamente comum» para certos grupos da população, como os idosos. O especialista explicou que se as pessoas desenvolvem relações afetivas com animais, também o poderão fazer com máquinas, que gozam de maior capacidade de raciocínio e de interação. «Cães e gatos nunca conversarão nem terão a capacidade de gerar as interações inteligentes que as máquinas já conseguem», explica o investigador.

A área dos robôs humanóides tem captado atenção de investidores. A Microsoft, OpenAI, Samsung e Nvidia investiram mais de 600 milhões de euros na start-up americana Figure AI para o desenvolvimento de um robô que se parece e se move como um humano. Na China, foi desenvolvido um robô com emoções e capacidades cognitivas equivalentes às de uma criança de quatro anos.

Com que rapidez teremos de nos adaptar à IA Emocional no nosso dia-a-dia?

Ainda que IA Emocional seja já usada em diferentes contextos, Arlindo Oliveira diz que as alterações serão progressivas e que nos adaptaremos a esta nova tecnologia da mesma forma que nos adaptámos aos automóveis, aviões e telemóveis. «Todas estas tecnologias surgiram, à data da sua introdução, como coisas estranhas e contra-natura, mas acabámos por adoptá-las devido às vantagens que trazem».

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