Relações afetivas entre humanos e máquinas serão relativamente comuns
É um segmento da IA que avalia, interpreta, simula e reage às emoções humanas, através de texto, vídeo ou áudio. Os sistemas de IA emocional utilizam dados como expressões faciais, entoação, linguagem escrita – ou até a velocidade com que alguém escreve no computador – para inferir emoções.
Pode ser aplicada em diversas áreas, como a assistência pessoal e a assistência ao cliente, saúde mental, educação, indústria automóvel e publicidade.
Não exclusivamente. A IA Emocional pode chegar aos utilizadores de diversas formas: por exemplo, através de um chatbot de uma empresa de telecomunicações que consegue ler as emoções do cliente e evitar que este cancele um contrato, ou de um carro que reduz a velocidade automaticamente quando percebe pelo tom de voz do condutor que ele poderá estar em stress ou sonolento, ou até um robô – com maior ou menor semelhança física a humano – que interage com pessoas idosas.
Arlindo Oliveira acredita que a IA Emocional permite melhorar a qualidade de interação entre os humanos as máquinas, pois a compreensão de emoções é crucial quando comunicamos. O especialista refere que os idosos – geralmente mais vulneráveis a problemas de solidão – poderão «beneficiar muito de sistemas [de IA emocional] adequados».
Os críticos da IA Emocional estão preocupados com o abuso de privacidade na utilização dos dados dos consumidores e alertam para a possibilidade de discriminação por parte dos sistemas de IA na leitura de emoções de pessoas de diferentes etnias e culturas. Existe igualmente o risco de os seres humanos desenvolverem relações emocionais aditivas e pouco saudáveis com robôs humanóides.
Para Arlindo Oliveira, essa será uma realidade «relativamente comum» para certos grupos da população, como os idosos. O especialista explicou que se as pessoas desenvolvem relações afetivas com animais, também o poderão fazer com máquinas, que gozam de maior capacidade de raciocínio e de interação. «Cães e gatos nunca conversarão nem terão a capacidade de gerar as interações inteligentes que as máquinas já conseguem», explica o investigador.
A área dos robôs humanóides tem captado atenção de investidores. A Microsoft, OpenAI, Samsung e Nvidia investiram mais de 600 milhões de euros na start-up americana Figure AI para o desenvolvimento de um robô que se parece e se move como um humano. Na China, foi desenvolvido um robô com emoções e capacidades cognitivas equivalentes às de uma criança de quatro anos.
Ainda que IA Emocional seja já usada em diferentes contextos, Arlindo Oliveira diz que as alterações serão progressivas e que nos adaptaremos a esta nova tecnologia da mesma forma que nos adaptámos aos automóveis, aviões e telemóveis. «Todas estas tecnologias surgiram, à data da sua introdução, como coisas estranhas e contra-natura, mas acabámos por adoptá-las devido às vantagens que trazem».