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Quais são os empregos do futuro?

Quase um quarto dos postos de trabalho no mundo serão diferentes em 2027. Esta é uma das principais conclusões de um relatório do Fórum Económico Mundial (FEM), que analisa o impacto da tecnologia, da transição ecológica e da economia nos empregos como os conhecemos. João Bernardo Duarte, investigador na Universidade Nova de Lisboa, explica à FFMS o que acontecerá em Portugal.
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Haverá mais ou menos empregos no futuro?

Segundo o relatório do FEM, 23% das profissões serão afetadas até 2027. Por um lado, deverão ser criados 69 milhões de empregos e, paralelamente, 83 milhões de postos de trabalho desaparecerão. Esta diferença traduz-se numa quebra de 14 milhões de empregos, o equivalente a 2% do emprego atual. 

As estimativas são calculadas com base nas respostas de mais de 800 empresas, que empregam um total de 11.3 milhões de trabalhadores, em 27 áreas de atividade.  

Quais os principais motores da transformação do emprego?

A transformação do emprego será grandemente impulsionada pelo desenvolvimento tecnológico, transição ecológica, normas ambientais, sociais e de governação e pela localização das cadeias de abastecimento. 

A adoção de tecnologias avançadas e a digitalização, como a gestão de grandes volumes de dados («big data») e Inteligência Artificial, serão fortes influenciadores desta mudança, apesar de hoje ainda terem pouca expressão. Segundo o relatório, as tarefas automatizadas aumentaram apenas 1% entre 2020 e 2023. 

  

Qual a tendência em Portugal?

Com o recurso a novas tecnologias, 67% do tempo dedicado a tarefas laborais tem potencial de ser automatizado até 2030, segundo um estudo da Nova School of Business and Economics e da Confederação Empresarial de Portugal (CIP). 

Até à viragem do milénio as profissões que exigiam maior complexidade de tarefas ganhavam mais, mas isso mudou, diz à FFMS João Bernardo Duarte, professor assistente na Universidade Nova de Lisboa e um dos autores do estudo. A vantagem salarial que um trabalhador com um curso superior tinha em relação a outros com menores habilitações «estagnou e está agora relacionado com a probabilidade de automatização». Ou seja, a complexidade de tarefas já não é sinónimo de um prémio salarial. 

Que profissões serão mais valorizadas no futuro?

As profissões com maior crescimento serão as atividades ligadas à tecnologia, como especialistas em Inteligência Artificial e Machine Learning, seguidas de especialistas em sustentabilidade, analistas de segurança de informação e engenheiros de energias renováveis. 

Professores do ensino profissional, secundário e superior, operadores de equipamentos agrícolas, especialistas em comércio eletrónico e marketing digital também deverão crescer nos próximos três anos. 

E quais as profissões que entrarão em declínio?

Devido à forte probabilidade de automatização, funções administrativas de escritório ou de secretariado, de inserção de dados, funcionários dos correios, caixas ou de bilheteira e o setor das manufaturas sofrerão um declínio acentuado até 2027. 

Todas as profissões serão passíveis de serem substituídas por máquinas?

Não. Apesar de existirem tarefas que podem ser automatizadas em certas profissões, há características humanas - como a empatia e a interação social - que as máquinas não conseguem reproduzir e que o consumidor continuará a preferir.  

João Bernardo Duarte dá o exemplo de gestores, trabalhadores do setor do turismo, enfermeiros, fisioterapeutas ou cuidadores na área da saúde como profissões que dificilmente serão afetadas. «É difícil imaginar um mundo em que uma pessoa irá preferir ser atendida por uma máquina do que por outra pessoa. É uma questão de empatia.»  

O estudo realizado em Portugal revela também que juízes, advogados, analistas de negócios, artistas e criativos são profissões menos expostas à automatização. 

Que competências humanas serão mais valorizadas?

O relatório do FEM refere que o pensamento analítico e a criatividade continuaram a ser as competências mais valorizadas pelos empregadores em 2023, seguidas de resiliência e flexibilidade; motivação e auto-conhecimento; curiosidade e aprendizagem contínua.

Comparativamente a inquéritos anteriores, o relatório sugere que, até 2027, devido à crescente automatização de tarefas no emprego, o pensamento criativo será considerado cada vez mais importante pelas empresas, podendo mesmo ultrapassar a do pensamento analítico. 

Como poderão os trabalhadores salvaguardar os seus empregos?

Para João Bernardo Duarte à medida que a tecnologia avança, os trabalhadores devem apostar na sua requalificação, procurando oportunidades para atualizar e adquirir soft skills e competências digitais valorizadas pelo mercado de trabalho.  

Será necessária resiliência e uma boa capacidade de adaptação «ao desconforto» que a aprendizagem permanente de novos conteúdos e conceitos poderá causar. O professor acrescenta que o governo poderia subsidiar a aquisição de novas competências através de parcerias entre empresas e politécnicos ou com outras iniciativas de formação. 

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