
O Cheiro dos Livros
Retive para sempre na minha memória aquele momento já que um deles referiu que os livros são como objectos insubstituíveis e que para além do prazer que é lê los até o seu cheiro pode ser inebriante inspirador.
Que notícia extraordinária recebi naquele momento. Eu que, às escondidas, cheirava todos os meus livros sempre que os lia. Eu que os folheava junto ao nariz para me preparar para a sua leitura, descobri assim que o meu comportamento não era singular para não usar uma expressão mais radical. Pude assim com naturalidade falar disto sem complexos e descobrindo até que, em muitas outras profissões, como a de jornalista, guardam e veneram o cheiro único e maravilhoso do jornal acabado de imprimir nas antigas rotativas.
Memórias que me visitaram quando a Fundação me deu para ler o novo ensaio da sua colecção, escrito por Mário Cordeiro, e que será lançado e apresentado na Feira do Livro em Lisboa no dia 7 de Junho [de 2015] Crianças e Famílias num Portugal em Mudança. É um texto obrigatório, rigoroso e competente, que nos traz muitos números sobre esta realidade. Na Pordata, aprendemos a perceber que os números não são só os outros, somos também nós.
Enquanto isso, os mais novos já marcam a sua posição com umas simpáticas 2,5 horas por dia frente ao ecrã televisivo. Televisivo porque como Portugal é o país em que mais crianças têm computador portátil - 65% contra 25% de média europeia, são de facto muitas as horas frente aos ecrãs que fazem parte da nossa vida.
Muitos outros temas e muitos outros livros serão trazidos pela Fundação Francisco Manuel dos Santos à Feira do Livro de Lisboa, que hoje começa e que se estende até dia 14 de Junho. Aos livros irão juntar-se dez debates e o lançamento do número cinco da revista XXI. Queremos contribuir para que esta Feira do Livro possa ser a mais participada de sempre.
Todos os livros da Fundação, os seus ensaios, retratos e estudos, estarão disponíveis para quem nos visitar. Com a direcção da APEL montámos a nossa maior representação de sempre num espaço a que chamámos A Praça da Fundação. É nesta praça e no seu auditório ao ar livre, que serão apresentadas as novas publicações da Fundação e organizados os debates.
Terei de esperar pelo dia 13 de Junho [de 2015] às 18 horas para perguntar ao maior funambulista do mundo, Philippe Petit ,se alguma vez se atreveu a cheirar um livro em público ou se a sua vontade de correr riscos se limita à prosaica tarefa de atravessar o espaço entre as Twin Towers em cima de um cabo sem rede por baixo.

(Texto originalmente publicado no Jornal I, no dia 28 de Maio de 2015)
O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.