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Imagem sobre saúde mental

Nós por cá todos bem?

Se algum mérito teve a pandemia da Covid-19, foi sem dúvida pôr-nos a falar de saúde mental, sem o estigma que a acompanhou durante décadas, defende neste artigo a psicóloga clínica Margarida Gaspar de Matos.
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Se algum mérito teve a pandemia da Covid-19, foi sem dúvida pôr-nos a falar de saúde mental, sem o estigma que a acompanhou durante décadas (e antes desse estigma note-se, era o tempo da sua diabolização, as pessoas temiam o que depois estigmatizaram).

Para os profissionais de saúde mental um dos assuntos penosos era a vergonha das pessoas em sofrimento face a esse mesmo sofrimento, como se considerassem que o sofrimento mental «parecia mal», era caraterística de gente «fraca», de «más famílias» ou um castigo por má conduta.

Esta conquista do«direito» ao sofrimento mental (e mesmo à doença mental) deixa-nos a falar disso e, ainda mais importante, ajuda-nos a conhecer como se evita e como se ultrapassa.

Recentemente, na Faculdade de Medicina de Lisboa… houve uma Pausa para a Saúde Mental, onde me coube moderar uma mesa/ debate.

E aí expliquei que a atividade física, o stresse, a nutrição, os «outros» e o sono, são pilares importantes na regulação da nossa saúde psicológica, mas não pode haver nem de mais nem de menos. A falta total, ou o excesso destes «pilares» pode lesar o nosso bem-estar e a nossa saúde psicológica. Temos mesmo que encontrar um equilíbrio: o «nosso» equilíbrio (cada um tem o seu, é pessoal e intransmissível) preferencialmente com uma dimensão de prazer associada.

Cada um de nós lucra em capitalizar os seus recursos («refúgios pessoais», família, amigos, competências, gostos, etc.) para ir usando e transformando as dificuldades do dia a dia em desafios geriveis.

E há dias em que mais vale dar uma pausa, ter um tempo para si, e tentar de novo no dia seguinte. A tristeza, a alegria, o fracasso, a concretização, a ira, a apatia, o medo, etc. fazem parte da vida não são sinal de vidas mal vividas.

Faz parte da nossa literacia em saúde mental sabermos cuidar de nós, conhecer e usar os nossos recursos, conhecer os nossos limites, aprender a gerir as nossas vidas com flexibilidade, com curiosidade e com alguma dose de benevolência.

Num certo limite, esse nosso autocuidado pode incluir procurar ajuda profissional específica. Tal como temos cuidado para não ter cáries e quando temos uma vamos ao estomatologista, é preciso aprender a proteger e a gerir a nossa saúde mental, e quando nos sentimos «ultrapassados pelas circunstâncias», pedir ajuda profissional, sem hesitações.

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