É possível cativar os jovens para a política?
«Jovens de costas voltadas para a política?», reveja este debate Fronteiras XXI
Mais de metade dos jovens a nível mundial não se sente representada pelos seus governos e 57% dos portugueses entre os 15 e os 24 anos não revelam qualquer interesse na política. Os especialistas garantem que uma das soluções passa por os políticos mudarem a forma de comunicar com eles e usarem meios digitais. Certo é que os jovens já estão a optar por outras formas de participação, como protestos e manifestos que nascem nas redes sociais, muitas vezes sem ligações a partidos.
Pode instalar-se nos telemóveis e promete mudar a relação dos jovens com a política. Trata-se de uma aplicação digital inovadora que põe os mais novos a votar nas propostas políticas, a lançar ideias e a dialogar directamente com os governantes.
Criada por Bernardo Branco Gonçalves, 25 anos, um antigo líder académico, e os seus irmãos, acaba de ser lançada e já vai ser usada por algumas freguesias e câmaras municipais do país. O Governo também decidiu apostar nesta estratégia para tentar envolver os jovens nas questões de cidadania e vai iniciar um projecto piloto em algumas escolas com esta tecnologia.
“A ideia é tornar a política mais sexy para os millennials (nascidos entre 1980 e 1996)”, diz Bernardo, explicando que actualmente é apresentada como algo altamente complicado, chato e pelo qual tem de fazer-se um esforço muito grande para conseguir chegar aos interlocutores. “O que fazemos é tornar tudo isto divertido e mais fácil”, conta, acrescentando: “Queremos por os millennials a participar civicamente e para isso é preciso simplificar e criar algo atractivo”.
A aplicação chamada Mypolis pode-se descarregar nos telemóveis (e também na internet) e permite que os adolescentes conheçam as propostas políticas das zonas onde vivem e votem nelas, que lancem eles as suas ideias, manifestem preocupações e que entrem em contacto com os políticos, desde que estes estejam inscritos na aplicação. Tudo isto, feito em forma de jogo. Ou seja, por cada votação, proposta ou participação há pontos e níveis que se podem atingir. Em alguns casos, haverá recompensas, como bilhetes para espectáculos ou produtos do comércio local, concretiza Bernardo Branco Gonçalves, que acredita ser “possível incentivar a participação com recurso à gamificação”.
Bernardo Branco Gonçalves percebeu a distância que existia entre os jovens e a política quando foi presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. “Até para as actividades da associação era muito complicado trazer os estudantes. Eles não se interessavam pela participação cívica”. Já depois de concluir o curso e o mestrado de Economia na faculdade, e quando estava a trabalhar numa consultora internacional, decidiu deixar tudo para colocar em prática uma ideia que nunca lhe saiu da cabeça: cativar os millennial a participar na política local e nacional mudando, para isso, a forma de comunicar com eles. Tinha pelo menos uma a certeza: a relação dos adolescentes com a política estava cada vez pior.
As estatísticas dão-lhe razão. Segundo um inquérito global aos millennials, realizado pelo Financial Times em parceria com a consultora norte-americana Telefónica, (através de 12 mil entrevistas) mais de metade dos jovens a nível mundial não se sente representada pelos seus governos e só 28% admite ter participado nos últimos actos eleitorais.
Em Portugal, assiste-se ao mesmo desinteresse: os jovens estão actualmente mais insatisfeitos com a democracia e mais de 57% dos que têm entre 15 e os 24 anos não revela qualquer interesse no tema. Os dados constam do estudo ‘Emprego, Mobilidade, Política e Lazer: situações e atitudes dos jovens numa perspectiva comparada’, feito em 2015 com o patrocínio da Presidência da República. No documento fica claro que os que estão nesta faixa etária nem sequer participam em associações cívicas. Só 5,1% colaboram com associações estudantis e apenas 1,7% integra associações ou ordens profissionais.
O mesmo se passa em relação aos sindicatos, onde pertencem somente 0,2%. Já a percentagem dos que têm ligações activas em paróquias ou associações religiosas ficou-se pelos 2% e os que se dedicam a uma organização de apoio social ou de direitos humanos não passou de 1,9% . A excepção – mesmo assim com números não muitos elevados – são os grupos desportivos, que cativaram 10,4% dos jovens entre os 15 e 24 anos. Por isso, os especialistas não estranham que apenas menos de um terço dos jovens portugueses diga ter simpatia por um partido.
“A abstenção marca a relação da juventude com a política”, refere Marina Costa Lobo, investigadora que elaborou o estudo em conjunto com Vítor Sérgio Ferreira e Jussara Rowland, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Segundo a politóloga, a relação entre os mais novos e a política foi-se degradando ao longo dos anos. “Nota-se uma deterioração”, garante, sublinhando que os números indicam que na época do estudo, em 2015, participavam ainda menos do que nos anos anteriores.
No trabalho, os investigadores compararam os dados que obtiveram (através de 1.254 entrevistas) com os de um outro estudo sobre ‘Jovens e Política’ conduzido por Pedro Magalhães e Jesus Moral sobre a mesma temática e também com o patrocínio da Presidência da República, e verificou-se que o cenário tinha piorado. Em 2007, 34, 1% dos que tinham entre 15 e 24 anos dizia que lia pelo menos uma vez por semana notícias sobre política num jornal e em 2015 o valor desceu para 21,9%. Também a satisfação com a democracia piorou: em 2007 cerca de um terço considerava que a democracia funcionava bem, percentagem que desceu para cerca de metade em 2015.
Já os jovens adultos, com idades entre os 24 e 34 anos, demonstram um pouco mais de interesse: 41,2% lêem artigos de política todas as semanas. Estes, explica Marina Costa Lobo, já se interessam mais pois muitos são casados, têm filhos, trabalham e há assuntos que lhes tocam. “Já têm algo a perder”, resume. Apesar disso, também se notou um afastamento desde 2007, ano em que quase 50% costumava ler artigos nos jornais sobre o tema. Há no entanto um ponto que é revelador da dimensão da degradação da situação: apenas 1% dos jovens entre os 15 e aos 24 e 2,7% dos que têm até 34 anos pertence a um partido. “São valores objectivamente muito baixos”, descreve o documento, notando-se a queda de 2007, quando os números se situavam entre 5,2% e 7,4%. Um dos problemas, admite a politóloga é a imagem actual dos governantes. “Os sucessivos casos de corrupção noticiados no media reforçam a ideia negativa que têm dos partidos políticos”.
“Os jovens tendem a afastar-se dos partidos. E os que ainda participam fazem-no em grande parte devido a familiares e amigos que são filiados e estão nas estruturas partidárias há vários anos e acabam por os motivar”, garante Patrícia Tomás, investigadora do Observatório Político que fez, em 2016, um trabalho sobre “As motivações que levam os jovens a aderir aos partidos políticos em Portugal”, e verificou uma tendência de afastamento. Os partidos não têm capacidade para estruturarem laços com a juventude, diz a investigadora que entrevistou 20 jovens filiados, entre os 18 e os 30 anos, repartidos equitativamente pelos cinco principais partidos políticos portugueses. “Devia-se começar nas escolas a pôr os alunos a lidar com esses temas para aumentar a proximidade com as organizações partidárias”, sugere.
Rúben Dinis Pereira faz parte daquele 1%. Desde Outubro de 2017, tinha ainda 19 anos, que está nos órgãos das autarquias do País. É vogal executivo da Junta de Freguesia de Poceirão, tendo a pasta da informática, do desporto e da juventude. “Estou aqui por querer mudar algumas coisas que estão mal e que não conseguiria fazer de outra forma”, conta, explicando que recentemente se filiou na CDU, partido a que pertence a sua mãe. Aliás, comprovando os resultados do estudo de Patrícia Tomás, Rúben Dinis Pereira admite que a sua ligação com PCP resultou em parte do facto de acompanhar a mãe aos eventos partidários desde os dez anos de idade. “Lembro-me de ir com a minha mãe em pequeno, e há cinco anos comecei a interessar-me pelos assuntos políticos”, recorda, confirmando ser uma excepção na escola, quando estudava.
Nem sequer falava com os amigos sobre política porque eles não se interessavam. Além disso, Rúben Dinis Pereira tinha receio de se chatear com eles por terem ideias diferentes. Agora, com 20 anos, além de estar na junta de freguesia é soldador, a profissão com que sempre sonhou. Mas diz que se visse que podia ajudar a mudar muita coisa e a fazer melhor pelo país e pela região, seria capaz de abdicar da sua profissão e seguir carreira política. “Se eu vir que é necessário e que com a minha participação posso ajudar a concretizar mudanças…”. Sabe, acima de tudo, que não é uma opção comum. “Na minha idade ninguém liga à política”.
E nem a crise que o país atravessou foi capaz de os cativar. Mariana Costa Lobo considera que até piorou o cenário. Na época em que a Troika esteve em Portugal, lembra, houve uma ou outra manifestação, mas não se assistiu à criação de novos partidos, como em Espanha, com o Podemos – fundado em 2014 e que se tornou em semanas o partido espanhol mais seguido nas redes sociais – ou na Grécia, com o Syriza – que ganhou as eleições em 2015.
No entanto, nota a investigadora, em Portugal já existia o Bloco de Esquerda, que surgiu no final da década de 1990, tendo crescido (como sucedeu com o Podemos ) com o apoio do voto mais jovem. “O BE tinha como causas os temas mais fracturantes” que agradam à juventude. A contribuir para a falta de iniciativas está também, acrescenta a politóloga, uma característica inata dos portugueses: “Há uma tendência mais para a apatia o que para a mobilização”. Entretanto, desde a saída da Troka, os valores do Eurobarómetro revelam que a satisfação da opinião pública melhorou. “Mas não se analisou ainda o impacto nos mais jovens”, concluiu a investigadora.
Foi durante a crise que Miguel Braga, um jovem do Barreiro então com 25 anos, criou o jogo “Tuga versus Troika” – para os sistemas Android e Apple.
Tinha acabado o curso de design no IADE e como não encontrava emprego na área decidiu desenvolver projectos de aplicações. A personagem principal do jogo era o Zé Povinho, de Bordalo Pinheiro, e por todo o lado apareciam “uns bonecos que eram os troikanos que tínhamos de caçar para não acabarem com o Zé Povinho”, lembra Miguel – que queria ver se ao lançar esta ideia surgia alguma oportunidade no mundo criativo. E por isso decidiu escolher um tema actual. Mas, admite, não era comum ele e os amigos falarem da Troika, nem desses temas mais politizados. “Ninguém se preocupava muito com esses assuntos”, relata.
O assunto é debatido por todo o mundo. “Temos alguns indicadores claros que nos encontramos frente a uma nova geração que educada num ambiente plenamente digital tem uma aproximação distinta à política. Esta realidade reclama uma forte reformulação das estruturas políticas tradicionais para a sua sobrevivência”, defende o espanhol Antoni Gutierrez-Rubi, especialista em comunicação política, no trabalho ‘A geração millennials e a nova política’.
Segundo Gutierrez-Rubi, que dirige a consultora de comunicação Idiograma, os jovens “não acreditam nos partidos e até os consideram parte do problema e não da solução”.
A prova, indica , é que nos EUA metade dos millennials não se identifica com nenhum partido – apesar de quando obrigados a decidir, os norte-americanos se inclinarem para o partido democrata. Gutierrez-Rubi garante que uma das soluções para descobrir “um ponto de encontro entre a velha e nova política é envolver os millennials na estrutura política e apostar em novas formas de tornar esta participação possível”.
É exactamente isso que está a tentar fazer, em Lisboa, o presidente da Junta de Freguesia de Campolide, André Couto, de 36 anos, licenciado em Direito. Desde que assumiu funções confrontou-se com a ausência da participação de jovens. Estes alheavam-se constantemente dos problemas da zona e nem quando foi necessário decidir, através de um referendo local, se se iria construir um jardim ou um parque de estacionamento na zona, eles apareciam. Ao pensar neste afastamento e ao verificar que os eleitores mais novos não se interessavam, percebeu que tinha de mudar a forma de comunicar e ir ter com eles ao local onde se encontram: as redes sociais.
A ideia surgiu-lhe quando um dia ia de carro a caminho de casa e ouviu que o jogador Bernardo Silva falava com os fãs em directo no Facebook. E pensou. “Por que não fazer o mesmo?” Começou então a fazer vídeos ao vivo no Facebook e não tardou a sentir mudanças. “Agora faço directos todas as quintas-feiras”, conta, explicando que costumam surgir jovens a colocar-lhes questões. Para os cativar, André Couto aplicou outras estratégias. Tirou um curso de DJ e foi ele quem pôs música nas festas e arraiais da junta de freguesia. Foi uma boa aproximação, de tal forma que nos dias seguintes recebeu inúmeras mensagens e comentários no Facebook e Instagram – redes sociais frequentadas pelos mais novos.
É nesta tentativa de os captar que a Freguesia de Campolide vai usar a aplicação de Bernardo Branco Gonçalves: ”Achei a ideia interessante e vamos avançar para tentar envolver os jovens nos assuntos locais”. André Couto, que teve experiência na associação de estudantes na Faculdade, sempre sentiu o “bichinho de ligação à política”. E também ele tinha familiares na área, com ligações ao PSD e ao CDS. O seu tio, José Augusto de Almeida, foi durante anos presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra. André Couto segue as suas pisadas, mas noutro partido, o PS.
Esta ligação digital é o grande segredo, garante ainda o espanhol Antoni Gutierrez-Rubi. E para sustentar a ideia lembra, no seu estudo, que foi na internet que o movimento Movimento 5 Stelle (M5S) de Beppe Grillo, em Itália, teve uma enorme amplificação. E os representantes do partido, acrescenta, foram eleitos a partir de vídeos que realizam eles mesmos com as suas propostas. “A difusão viral dos conteúdos através da rede e a transmissão em directo dos seus actos, converteram-na na página mais visitada de Itália”.
Patrícia Tomás – que está neste momento a realizar um trabalho sobre as novas formas de participação cívica dos jovens – confirma. Os jovens usam a net para agir e estão a escolher novas formas de participação , como os protestos públicos e movimentos. “Organizam-se nas redes sociais”, concretiza, citando o caso dos ‘Indignados’, em Espanha, ou da ‘ Geração à Rasca’, em Portugal, movimentos espontâneos que acabaram em várias manifestações nas ruas das principais cidades dos dois países. No caso de Portugal, a Geração à Rasca, recorda a investigadora, começou com quatro jovens que conseguiram mobilizar através da Internet milhares de pessoas que acabaram a protestar na rua.
“Hoje em dia tendem a agir de forma mais directa sem terem de se vincular a um partido”. E muitas acções são organizadas nas redes sociais. “Não têm custos, nem figuras partidárias”, diz a investigadora.
O mesmo se passa no Brasil. A especialista em Ciência Política Maria da Glória Gohn , autora de diversos livros e professora reformada da Universidade Estadual de Campinas, no trabalho “Jovens na política na actualidade – uma nova cultura de participação” analisou os protestos de rua dos jovens entre 2013 e 2018, em prol da educação. E concluiu que usam a tecnologia para mobilizar a sociedade civil e recusam a partidarização. “São críticos das formas tradicionais da política, tal como se apresentam na actualidade, especialmente por meio de partidos e sindicatos. Alguns pregam a autonomia em relação àquelas formas e negam a política partidária, mas não o Estado e a Política com P maiúsculo”, escreve.
Além dos protestos, as petições também parecem ser dos actos que mais agradam aos mais novos. No inquérito realizado por Mariana Costa Lobo, verificou-se que a forma mais usada pelos jovens entre os 15 e os 24 anos para exprimir uma opinião foi o de “assinar uma petição”- 6.6% dos entrevistados já o tinham feito.
Apesar do fosso entre jovens e política, há países onde se nota já uma mudança. Na Costa Rica, por exemplo, a geração mais jovem está a tomar conta do poder político. Carlos Alvarado, o novo presidente, desde Maio deste ano, é um dos representantes desta geração millennial: nasceu a 14 Janeiro de 1980. Nas eleições que lhe deram a vitória, 1,7 milhões de eleitores tinha menos de 40 anos, sendo o grupo etário mais numeroso. Além disso, 33% dos novos deputados tem também menos de 40. “Podemos dizer que os partidos que não atraem jovens estão em perigo de extinção”, disse a jornais locais Daniel Calvo, um analista político independente, explicando que para atrair os mais novos, as estruturas partidárias optaram por colocar jovens adultos a encabeçar listas de deputados e na presidência, e a fazer propostas dirigidas a este grupo de população.
Há também sinais de que ainda é possível entusiasmar esta camada da população. Fenómenos como o de Bernie Sanders, nos EUA, fizeram os millennials reagir e têm gerado um debate nos EUA sobre o que estes querem, afinal, com a política. Segundo o Pew Research Center, um think tank que analisa tendências da população norte-americana, os millennials “são relativamente desapegados à política e à religião organizadas, ligados pelas redes sociais, sobrecarregados por dívidas, desconfiados das pessoas, sem pressa de casar e optimistas sobre o futuro”.
O estudo deste think tank mostra que metade dos millennials se descrevem como independentes politicamente, estando “muito próximos dos mais altos níveis de desfiliação política registados em qualquer geração no quarto de século de estudos do Pew Research Center”, lê-se num documento deste organismo que também verificou que entre os que se interessam por política, seis em cada dez é no Facebook que procuram notícias sobre o governo.
Perante esta situação, em muitos países procuram-se soluções para atrair esta geração. Na Suíça, por exemplo, já decorre uma experiência semelhante à aplicação informática desenvolvida por Bernardo Branco Gonçalves.
Através de aplicações que descarregam nos telemóveis ou na internet, os jovens costumam lançar as ideias e trocar opiniões com os deputados federais, com os quais podem depois reunir-se para as debater. Fazem-no através de uma plataforma digital (engage.ch). Muitos adolescentes têm conseguido encontrar-se com os governantes que os ajudam a elaborar propostas para tentar que sejam aprovadas no Parlamento Federal. Recentemente tiveram um enorme sucesso pois o governo suíço recomendou a primeira iniciativa com base numa proposta feita por jovens desta plataforma – que tem a ver com o uso da tecnologia para facilitar a participação dos cidadãos na política suíça.
No fundo, têm explicado os responsáveis desta plataforma helvética, trata-se de juntar pessoas que, de uma outra forma, nunca se encontrariam, como já ocorre com os aplicativos de namoro Tinder.
Bernardo Branco Gonçalves usa a mesma comparação para o projecto que está a lançar em Portugal. “É um Tinder de ideias”, concretiza, dizendo que em vez de se elogiar os olhos ou nariz de alguém que se gosta, trocam-se opiniões sobre assunto relacionados com política. “Vamos começar a implementar o projecto em duas juntas, duas câmaras municipais e numa comunidade intermunicipal até ao final do ano, sendo que estão a decorrer negociações para várias outras localizações”, revela o jovem.
Além de permitir a votação de propostas e de estabelecer uma ligação directa entre políticos e cidadãos, esta aplicação também possibilita a definição de um perfil de cidadania. Isto é, “um perfil pessoal dos utilizadores onde têm a sua pontuação, classificações, as suas propostas favoritas, o follow-up das propostas que sugeriram”, esclarece o criador da plataforma que já venceu este ano o prémio ‘Democracia digital da representação portuguesa na União Europeia’ e o StartupIN Lisboa 2018.
O Governo de António Costa também já se rendeu à ideia de Bernardo Branco Gonçalves. “Estamos a desenvolver com o Governo um projecto de educação para a cidadania na sala de aula através de uma app, a Academia MyPolis”, adianta o responsável, contando que a ferramenta digital vai ser usada num evento sobre os Direitos Humanos, dia 16 de Novembro, como comemoração dos 70 anos da Declaração Universal os Direitos Humanos e dos 40 anos da adesão de Portugal à Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
Nesse evento, as turmas representantes de várias escolas irão jogar através da app. “As equipas irão explorar o tema dos Direitos Humanos através de jogos digitais e serão desafiadas a lançar propostas para gerar impacto nas suas escolas relacionadas com este tema. Haverá depois uma votação com o objectivo de eleger as propostas vencedoras a implementar em cada uma das escolas”, refere ainda, explicando que o objectivo da Academia MyPolis é aproveitar o espaço da sala de aula para formar alunos capazes de participar civicamente: “É a versão para sala de aula da MyPolis, seguindo sempre o mesmo mote: tornar a política mais simples e muito mais divertida”.
O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor