A rede GPS coloca os cientistas portugueses num mapa
Quantos sociólogos são precisos para mudar uma lâmpada em Paris? Um, no máximo dois, se o outro ficar a segurar no escadote. Mas quem são e onde estão? A rede GPS — Global Portuguese Scientists — pode ajudar a encontrá-los.
O que fazem quando não estão a mudar lâmpadas? Para onde vão mudar lâmpadas a seguir? O que comem ao pequeno-almoço? Como podem os cientistas portugueses espalhados pelo mundo ter mais reconhecimento e intervenção em Portugal? Querem voltar? Os que não voltam, estão completamente perdidos para o nosso país? Ou podem contribuir para a ciência em Portugal através da transferência de conhecimento e de tecnologia? Há fuga de cérebros? Ou mobilidade normal dos investigadores? A rede GPS pretende contribuir para compreender melhor a diáspora científica portuguesa. Para isso coloca os investigadores portugueses num mapa, regista e acompanha os seus percursos. Uma amostra que se espera permanentemente actualizada, que pode ser usada em trabalhos de investigação sobre emigração qualificada. Esses dados, também acessíveis a qualquer pessoa, poderão contribuir para aumentar o reconhecimento e a participação da diáspora científica na sociedade portuguesa.
Mas faz mais do que isso. A rede GPS é uma comunidade com múltiplas possibilidades de interacção e formas de contacto. Por exemplo, um físico que trabalhe em Bruxelas poderá procurar outros investigadores portugueses nessa cidade. Se por acaso se mudar para Melbourne, poderá lá procurar físicos ou investigadores portugueses de outras áreas. A rede GPS pretende contribuir para fomentar contactos entre cientistas residentes em diferentes países, e com a sociedade portuguesa.
É uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em colaboração com a Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica - Ciência Viva, a Universidade de Aveiro e a Altice Labs. Tem ainda como parceiros várias associações de graduados portugueses no estrangeiro: a AGraFr (França), a ASPPA (Alemanha), a Native Scientists, a PAPS (América do Norte) e a PARSUK (Reino Unido).
E não está sozinha. Vários projectos de investigação têm estudado a emigração portuguesa qualificada. Por exemplo, o projecto BRADRAMO (Brain Drain and Academic Mobility from Portugal to Europe), uma colaboração interdisciplinar de vários centros de investigação, traçou recentemente um retrato muito aprofundado da emigração qualificada portuguesa. As associações de portugueses qualificados no estrangeiro promovem regularmente contactos entre investigadores portugueses expatriados, no quadro dos respectivos países de acolhimento, e com a sociedade portuguesa. A rede GPS é complementar e pretende colaborar com todos os interessados nestes temas.
O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor