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5 Leituras #22, por Mariana Correia Pinto: Como se faz jornalismo?

Sugestões de leitura de Mariana Correia Pinto, autora do retrato «Porto, última estação», publicado pela FFMS.
3 min
Novo artigo da rubrica «5 Leituras», em que um autor da Fundação sugere a leitura de cinco artigos ou a visualização de vídeos publicados na internet, em língua portuguesa, espanhola ou inglesa. Desta vez publicamos as sugestões de Mariana Correia Pinto, autora do retrato «Porto, última estação».

Ao volante da Uber
Financial Times
(Em língua inglesa)

Temos visto o jornalismo dar cambalhotas, qual artista em palco, em busca de uma qualquer fórmula que o salve. Temos visto muitas coisas, algumas delas pouco recomendáveis, estratégias que parecem esquecer o que é, na verdade, jornalismo. Mas há também exemplos notáveis, como este do Financial Times. Com base em dezenas de entrevistas, uma equipa do jornal criou um jogo que põe o utilizador no lugar de um... motorista da Uber. A ideia é mostrar como se vive na gig economy. Que dificuldades se enfrentam, que princípios estão em causa, porque é que o lucro que parece fácil nem sempre o é realmente? A propósito desta "economia dos biscates", vale a pena espreitar também esta reportagem da New Yorker.

À sua procura
Projecto de Pau Storch
(Em língua portuguesa)

Pau Storch cruzou-se com um enorme álbum numa feira de velharias do Porto. Mais de 10 mil fotografias a preto e branco, tiradas entre Março de 68 e Setembro de 69. Agora, 50 anos depois, o fotógrafo anda em busca das pessoas ali retratadas ou de familiares directos. Quem sabe, À Sua Procura, como sugere o nome do projecto, para voltar a fotografá-los e contar as suas histórias. Uma viagem para ir acompanhando, no site e no Instagram.

Martín Caparrós
(Em língua castelhana)     

Apaixonei-me por Martín Caparrós, um jornalista argentino faz do seu ofício missão, ao ler o seu magistral livro A Fome (Temas & Debates), uma viagem de seis anos por vários países, dos mais ricos aos menos ricos, pela geografia da fome. Desde aí, não mais o perdi de vista. No digital, vale a pena acompanhá-lo nas rubricas que assina no New York Times e no El País.

Como se faz jornalismo?
Projecto do Washington Post
(Em língua inglesa)

A moda do jornalista cidadão — quando se achava que havia um repórter em cada um de nós — esvaneceu. Para bem da sociedade. Mas o caminho por fazer é ainda enorme. Por cá, o Sindicato dos Jornalistas está a trabalhar num projecto de educação para os media que dará que falar em 2018. Nos EUA, o Washington Post está envolvido nessa batalha, também. A partir de uma das grandes histórias divulgadas pelo jornal em 2017 — do alegado envolvimento do candidato Roy Moore com adolescentes —, nasceu o projeto How to be a journalist. A série, que pode ser acompanhada através do link acima, é um encanto para jornalistas. Mas é também essencial para leitores.

James Rhodes

A história do pianista James Rhodes tinha tudo para acabar mal: foi violado aos seis anos, consumiu drogas, esteve internado num hospital psiquiátrico, perdeu a guarda do filho, entrou em depressão e tentou suicidar-se várias vezes. Mas foi a descoberta e a paixão por Bach que o salvou, tornando-o hoje um dos mais elogiados renovadores da chamada música clássica. As opiniões deste pianista soberbo sobre aquele universo musical são, de resto, bastante controversas e estão explanadas no próprio livro Instrumental, editado em Portugal pela Alfaguara. Os mais tradicionalistas detestam-no, mas ouvi-lo (e vê-lo) eleva, de facto, a música clássica a outra dimensão. Ora vejam.

Mariana Correia Pinto é autora do retrato ‘Porto, última estação’, publicado pela Fundação.

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor

Portuguese, Portugal