A plasticidade cerebral está na ordem do dia e tem permitido avanços científicos notáveis na saúde humana, potenciados pela tecnologia. E ninguém melhor que a neurocientista Luísa Lopes para a explicar, guiada pela curiosidade de Rui Maria Pêgo.
A plasticidade cerebral traduz a capacidade do cérebro de se ajustar e alterar ao longo da vida, em função de novas experiências e contextos. Esta incrível capacidade é especialmente relevante quando ocorrem lesões físicas, já que o nosso cérebro responde a estas lesões reorganizando-se através de uma ‘capacidade de redundância’. Na prática, isso significa que há áreas cerebrais que conseguem fazer a vez de outras e assim reproduzir a função que foi afetada.
Esta plasticidade cerebral é também fundamental na aprendizagem e na memória, e apesar de o cérebro ser tonar menos flexível com a idade, consegue manter a sua capacidade de desenvolvimento. Por isso, sabemos hoje, que «uma das formas comprovadas de prevenir a demência e o declínio cognitivo é sempre aprender coisas novas», diz a neurocientista.
Mas há mais a descobrir neste episódio, porque os avanços da Ciência no conhecimento destas capacidades cerebrais têm sido incríveis e já fazem parte da nossa realidade.
São prova disso o ‘olho biónico’ implantado pelo médico João Lobo Antunes num paciente cego, os benefícios do «Neurofeedback» e as possibilidades futuras dos implantes cerebrais que tanto fascinam Elon Musk.
Onde fica a ética nestas soluções? Deve estar em todo o lado, como bem dizem Luísa Lopes e Rui Maria Pêgo; mas que o nosso cérebro supera a ficção é um facto acima de todas as dúvidas.
Moheb Costandi, «Neuroplasticity» (The MIT Press Essential Knowledge)
José M. Ferro, «Neurologia Fundamental» (Lidel)
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