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Os encantadores de humanos

Entrevista a Rosário Grou, psicóloga clínica e diretora da pós-graduação em Terapia Assistida por Animais do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA).
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O convívio regular, pacífico e próximo com algumas espécies de animais sempre nos trouxe vantagens. Até na Antiguidade os gregos acreditavam que cavalos, cães e outros bichos podiam dar um contributo importante no processo de tratamento de certas doenças. Mas foi só num período mais recente da História que percebemos a extensão e profundidade da sua ajuda. De algo aparentemente tão simples como diminuir a toma de medicamentos ao melhoramento das capacidades cognitivas, de comunicação e de interacção social bem como da mobilidade e da motricidade fina. “Os resultados veem-se rapidamente”, garante a psicóloga clínica Rosário Grou. Sobretudo, “em crianças, adolescentes e idosos”, revela directora da pós-graduação em Terapia Assistida por Animais do ISPA.

 

Quando é que os animais começaram a ser usados no tratamento de certos doenças humanas?

A citação mais antiga sobre as terapias realizadas por animais data de aproximadamente 400 anos A.C. Hipócrates, considerado o pai da Medicina, acreditava que cavalgar trazia benefícios neurológicos. O The York Retreat, no Reino Unido, foi a primeira instituição para doentes mentais que, em 1792, utilizou os animais com o objectivo de reduzir a utilização de fármacos. E Boris Levinson foi o primeiro psicólogo a realizar psicoterapia infantil orientada por animais, em 1961.

 

Que animais são mais usados com fins terapêuticos e que características devem ter?

Cães e cavalos são os mais usados, embora possam ser utilizados outros animais. No âmbito das Intervenções Assistidas, um animal deve ter como características essenciais a inexistência de agressividade e o interesse em interagir com humanos. Além disso, deve ter adquirido treino em obediência básica pelo método do reforço positivo.

 

Qual é o objectivo das Terapias Assistidas por Animais?

As TAA têm como objectivo promover o desenvolvimento físico, psíquico, cognitivo e social dos pacientes. E são eficazes para diferentes problemas: de desenvolvimento, como paralisia cerebral; neurológicos, ortopédicos e posturais; deficiências intelectuais, como o Síndrome de Down; défices sociais, como distúrbios de comportamento, autismo, esquizofrenia e psicoses; carências emocionais; deficiências visual e/ou auditiva; distúrbios de atenção, de aprendizagem, de percepção, de comunicação e de linguagem, de hiperactividade; e problemas como insónia e stress. 

 

Normalmente, quanto tempo demora a produzir efeitos?

Conseguindo-se estabelecer uma eficaz relação terapêutica e não existindo receios face ao animal, os resultados veem-se rapidamente. De uma forma geral, obtêm-se resultados mais fácil e eficazmente em crianças, adolescentes e idosos. O processo tende a ser mais moroso nos adultos, por causa das defesas psicológicas.    

 

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O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor

Portuguese, Portugal