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Curta descrição dos 3 novos livros da Fundação

Curta descrição dos 3 novos livros da Fundação

Saiba um pouco mais sobre os ensaios lançados pela FFMS em Janeiro de 2017
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«Portugal: Paisagem Rural», «Portugal e o Comércio Internacional» e «O Euro e o Crescimento Económico». Estes são os títulos dos mais recentes livros editados e lançados pela Fundação. Com este artigo ficará a conhecê-los um pouco melhor.
«O que estamos disponíveis a fazer?», pergunta o autor no capítulo final. E propõe: temos de ter mais liberdade económica, instituições fortes, mais moderação salarial e preços ajustados à competitividade.

O Euro e o Crescimento Económico, por Pedro Braz Teixeira

Quantos contos vale a história do Euro? No livro O Euro e o Crescimento Económico, Pedro Braz Teixeira conta-nos o antes e o depois do surgimento da moeda única em 2000. A história começa em 1992, na Europa com uma Alemanha recém-unificada. Era preciso conter a sua mais que provável futura hegemonia no continente e na comunidade europeia. Como? Vinculando-a ainda mais ao projecto europeu. Assim surgiu o Tratado de Maastricht, que nos traria o Euro anos mais tarde.

A transição para a união monetária foi mais fácil para os países do norte e centro da Europa, com inflação mais baixa. Os países do sul, entre os quais Portugal, sofreram «choques assimétricos» que os «critérios de convergência» de Maastricht não acautelaram. Mas Portugal também teve responsabilidade, na década de 90, pela sua difícil caminhada, pois não fez suficientes reformas estruturais.

O novo milénio trouxe-nos o Euro e com ele um crescimento desigual: o sul endividou-se, o norte emprestou. Portugal deixou de convergir: não cresceu mais do que 1% anualmente desde 2000, o que Braz Teixeira considera «estranho». Parte desse problema está na gestão «desastrosa» que Portugal fez dos fundos europeus que recebeu.

Braz Teixeira alonga-se na descrição das raízes e das consequências da crise económica (2008-2015). Começou com uma crise do crédito subprime e cedo atingiu economias endividadas como a da Grécia, a da Irlanda, a do Chipre e a de Espanha, com contas públicas insustentáveis, défices externos elevados e sectores bancários fragilizados. E Portugal? O nosso país merece destaque em capítulo próprio: o autor fala do memorando de entendimento com a troika, debate se a austeridade imposta foi errada e refere as mudanças estruturais que ela impôs à economia portuguesa. Portugal vive hoje uma «convalescença frágil». E a Europa beneficia da «expansão quantitativa» e da União Bancária que as instituições europeias decidiram.

«O que estamos disponíveis a fazer?», pergunta o autor no capítulo final. E propõe: temos de ter mais liberdade económica, instituições fortes, mais moderação salarial e preços ajustados à competitividade (que tem de aumentar). Devemos também aumentar as exportações, apostar no turismo e em atrair investimento estrangeiro exportador. A dívida externa, insustentável, também tem de ser diminuída.

A adesão à CEE não foi acompanhada de um ímpeto reformador suficiente. Portugal encarou «passivamente» as transformações profundas na ordem económica mundial: quer a abertura da UE ao leste europeu após a dissolução da URSS, quer a entrada em força da China no mercado internacional.

Portugal e o Comércio Internacional, de João Amador

Podemos dividir o livro de João Amador em duas partes: na primeira, aborda teoricamente as forças e as limitações do comércio internacional, bem como os aspectos que o tornam mais ou menos liberalizado e aberto. Na segunda, fala extensivamente sobre a história e o futuro de Portugal no comércio internacional.

Antes de mais, João Amador descreve a «vantagem comparativa» dos vários países em apostarem na internacionalização das suas economias: podem especializar a sua produção e exportar bens e serviços, importando também outros bens e serviços com uma melhor relação qualidade-preço do que a que teriam caso os produzissem. O comércio internacional agrava desigualdades e fomenta a exploração laboral, sobretudo nos países em desenvolvimento? Em parte sim, mas com atenuantes. A solução, porém, não está num elevado grau de proteccionismo. Ainda que tarifas e quotas à importação sejam ferramentas úteis de que os países se podem valer.

A internacionalização da economia portuguesa começou essencialmente no final da década de 1950, com a adesão à EFTA. Os efeitos foram «profundos e duradouros». Mais tarde, a adesão à CEE não foi acompanhada de um ímpeto reformador suficiente. Portugal encarou «passivamente» as transformações profundas na ordem económica mundial: quer a abertura da UE ao leste europeu após a dissolução da URSS, quer a entrada em força da China no mercado internacional.

Para que Portugal tenha sucesso no comércio internacional, João Amador recomenda essencialmente que o país tenha uma economia mais flexível e inovadora, e que aposte mais na qualificação dos seus recursos humanos.

A economia de Portugal no século XIX era essencialmente rural, agro-pastoril, fechada ao mundo. Desde então, a nossa economia abriu-se, industrializou-se e modernizou-se. É dessa evolução que este livro fala.

Portugal: Paisagem Rural, de Henrique Pereira dos Santos

Como podemos descrever a geografia portuguesa? De que modo o nosso território influencia a alimentação dos seus habitantes? Que cultura agro-pecuária e que pescas tendemos a desenvolver no norte, no centro e no sul de Portugal? Neste ensaio, Henrique Pereira dos Santos descreve a evolução da paisagem rural portuguesa entre os séculos XIX e XXI.

Onde cultivamos milho, trigo e centeio? O milho é tradicionalmente mais produzido a noroeste e em socalcos, logo torna difícil o uso de máquinas. O centeio é cultivado sobretudo nas zonas serranas do centro e do norte. O trigo vinga sobretudo nas zonas mais férteis do país. Boa parte do território português é de difícil cultivo, logo mais dada ao pastoreio. É também aí que mais se sentem os efeitos da estação quente: ela coincide com secas prolongadas e com falta de água. Esses são aspectos estruturais da paisagem rural portuguesa, que dificultam a agro-pecuária e por isso também o comércio e a acumulação de riqueza.

A economia de Portugal no século XIX era essencialmente rural, agro-pastoril, fechada ao mundo. Desde então, a nossa economia abriu-se, industrializou-se e modernizou-se. É dessa evolução que este livro fala.

 

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

Autor
Portuguese, Portugal