5 Leituras #21, por Bernardo Gaivão: Inteligência Artificial e o “fim” de Deus
Novo artigo da rubrica «5 Leituras», em que um autor da Fundação sugere a leitura de cinco artigos ou a visualização de vídeos publicados na internet, em língua portuguesa, espanhola ou inglesa. Desta vez publicamos as sugestões de Bernardo Gaivão, autor do retrato «Turista infiltrado».
Os números por outras palavras
Hans Rosling, na página da FFMS no YouTube
(Em língua portuguesa)
No grande evento de celebração do 5.º aniversário da FFMS, Hans Rosling presenteou-nos a todos com uma surpresa. Falava em português. Durante uma hora bem passada, levou-nos numa viagem pelos números. Ajudou-nos a perceber de onde viemos e para onde vamos. Destruiu mitos e ideias pré-concebidas e mal interpretadas. Numa idade em que a informação não falta, é impressionante até onde a sua boa análise, descomprometida e imparcial, nos pode levar.
Artificial Intelligence 101: Everything You Need to Know To Understand AI
Pippa Biddle no Medium
(Em língua inglesa)
Depois de mais um WebSummit de enorme valor e sucesso, e que me passou absolutamente ao lado, seguem-se os comentários dos eruditos cientistas de bancada. As redes sociais pululam de mentes iluminadas a opinar sobre conceitos futuristas como a Inteligência Artificial. O problema? Na sua maioria não sabem do que falam. E atenção, que eu tampouco estou perto de ser um especialista. Mas quem não sabe, investiga. Porque a Inteligência artificial não é apenas o robot sobre-humano que erradica a humanidade. Está presente no nosso dia-a-dia. Não acredita? Investigue.
Artificial intelligence: ‘We’re like children playing with a bomb’
Tim Adams para o Guardian
(Em língua inglesa)
Ainda no tema da I.A., há muito mais para aprender. E para saciar a vontade dos que gostam mesmo é do cenário apocalíptico de um bom filme de ficção científica, a Superinteligência é um bom tema. Nick Bostrom, autor do livro com o mesmo título (Superintelligence) leva-nos numa viagem pelos percursos, perigos e estratégias para chegar e gerir a superinteligência. Para o autor, não interessa tanto o conceito de I.A. (que segundo o próprio, só encaixa até que banalizamos a tecnologia), mas sim o de uma inteligência tão avançada que ultrapassa a humana. Neste artigo simpático, o The Guardian resumiu as principais ideias de Bostrom. Vale a pena ler o artigo, mas ainda mais encomendar o livro.
Why I don’t believe in God
Tyler Cowen no blogue Marginal Revolution
(Em língua inglesa)
Superinteligência, I.A., futurismo e por aí fora, são tudo temas assustadores. Vão até ao fundo das questões mais básicas sobre a condição humana. E se o fazem à condição humana, fazem o mesmo à existência. Da vida ao Universo. Do material ao religioso. Mas entre cientistas é difícil discutir. Eles têm um método, sem o qual não estaríamos, como espécie, onde estamos. Mas acabamos por sacrificar alguma coisa no altar da ciência. No século XXI, é a religião que sacrificamos. Não existem muitos dados para fundamentar esta opinião, mas o facto é que cada vez menos gente acredita em Deus (vejamos os casamentos católicos, por exemplo, que caíram de 51 mil para 11 mil desde a década de 1990). Então, o que é isto de ser ateu? Ou agnóstico? Bem sei que são diferentes, mas como?
Inside the First Church of Artificial Intelligence
Mark Harris para a Wired
(Em língua inglesa)
Agora que já olhámos para trás, para perceber como chegámos até aqui; que já vimos do que são capazes as inteligências artificiais e as superinteligências; e que já definimos o que constitui não acreditar, pergunto-me: será Anthony Levandowski assim tão louco? A verdade é que este engenheiro americano sabe do que fala. Ou parece saber. Tem experiência que não acaba, uma carreira de sucesso e o aval da ciência do seu lado. Será que finalmente a ciência e a religião vão fazer as pazes? Se acreditarmos no que lemos até aqui, Levandowski está no bom caminho. Ou isto, ou é só mais um doido à procura de protagonismo. A verdade é que numa idade em que até já rezamos às máquinas, a fronteira entre a ficção científica e a realidade é cada vez mais difícil de definir.
Bernardo Gaivão é autor do retrato ‘Turista infiltrado’, publicado pela Fundação.
O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor