Cinco décadas de democracia revolucionaram os hábitos culturais em Portugal. Termina a censura, o país abre-se ao mundo, chegam novos livros, filmes e todo o tipo de artes.
A música afirma-se como uma arte de grande difusão e consumo. Se antes do 25 de Abril o fado, a música ligeira e a canção de intervenção eram os géneros que mais marcavam a sociedade portuguesa, a década de 80 traz o rock e a pop em português. Mas o fado regressa – com o reconhecimento deste género como Património Imaterial da Humanidade, em 2011. A par disso, os festivais – com o pioneiro Vilar de Mouros, no final dos anos 60 – tornam-se nos mais importantes eventos culturais de verão.
No teatro, o género Revista perde terreno até praticamente desaparecer, enquanto Filipe La Féria tem sucessos no Teatro Musical. Novos grupos e companhias são criados e os repertórios abrem-se à diversidade de autores nacionais e internacionais, dos mais clássicos aos mais malditos. As novas gerações estão a aproveitar a mudança?
Em 50 anos, longe vão os tempos de um país que ao domingo era marcado pela missa de manhã e o futebol à tarde. A Expo 98, a maior festa coletiva na história cultural dos últimos 50 anos, tem sido apontada como um ‘ponto de viragem’ na descoberta e vivência do espaço público. Também na televisão, a transformação acontece. 1992 sinaliza a chegada do primeiro canal privado, a SIC, e pouco depois a TVI. A oferta multiplica-se e a tecnologia – televisão por cabo e Internet – traz novas possibilidades. Os hábitos de consumo cultural alteram-se profundamente.
O surgimento de grandes distribuidores de conteúdos culturais e artísticos como o Youtube e a Netflix e o acesso em qualquer momento nos computadores, nos smartphones e nas smartTV, alteraram a convivência em casa e segmentaram os consumos das famílias. Seguem-se as redes sociais: Facebook, Instagram, Tiktok e outras plataformas que dominam os novos tempos.
No futuro, como se conjugará a presença física com a presença digital? Que liberdade e diversidade existirá para além da escolha ditada pelo algoritmo? E ainda alguém se lembrará de que, há poucas décadas, o sábado era o dia de visitar o centro comercial e todos víamos os mesmos programas? Este minidocumentário segue a avassaladora mudança verificada nos últimos 50 anos depois da chegada da democracia.
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Portugal hoje é muito diferente do que era há 50 anos. Quase cinco décadas depois, que mudanças profundas aconteceram no país? E que lições devemos retirar para melhorar o futuro?
A Fundação tem um extenso programa para refletir sobre o que mudou e o que é preciso garantir para melhorar a democracia nacional.
Um programa que começa no Quartel do Carmo onde o regime caiu – com o evento «Cinco décadas de democracia, o que mudou?» – e se estende a mais debates, uma série de oito minidocumentários, documentários, publicações e estudos, que vão permitir pensar e construir o futuro coletivo.