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Resumo das ideias defendidas no ensaio «A universidade como deve ser»

Resumo das ideias defendidas no ensaio «A universidade como deve ser»

Em resposta a algumas perguntas, António M. Feijó e Miguel Tamen esclarecem as ideias que defendem no seu ensaio sobre a Universidade.
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Autor

«As universidades deveriam concentrar-se em dar aos alunos uma experiência variada e alargada de vários domínios do conhecimento; e só mais tarde encorajar a sua especialização.»

De que trata o livro?
O livro trata das universidades públicas portuguesas.  Descreve uma ideia de universidade; descreve a história da criação de um curso de licenciatura numa universidade portuguesa que corresponde a essa ideia; descreve como as coisas actualmente se fazem nas universidades portuguesas; e defende que essas coisas podiam ser mais bem feitas.

Para quem é este livro?
Este livro foi pensado para pessoas que não sabem como funciona uma universidade em Portugal; e também para pessoas que sabem como funciona uma universidade em Portugal, mas que nunca imaginaram que pudesse funcionar de outra maneira; e finalmente para pessoas que gostariam que as universidades em Portugal funcionassem melhor.   É um livro não-técnico para o leitor comum.

As universidades portuguesas são más?
Nos rankings internacionais há cursos de universidades portuguesas que estão bem classificados.  Mas é raro que universidades portuguesas no seu todo apareçam bem classificadas. É assim razoável concluir que no seu todo as universidades portuguesas podiam ser melhores.

O que quer dizer ‘a universidade como devia ser’?
Tal como as democracias mais antigas partilham tacitamente ideias sobre a democracia, assim as melhores universidades partilham ideias sobre o que é uma universidade, e o que nela se faz ou pode fazer.  Estas ideias não são no entanto comuns em Portugal.
Uma das principais é a ideia de educação liberal: uma educação que ajuda quem é educado a tornar-se livre. Uma pessoa livre é uma pessoa que aprende muitas coisas diferentes sem se preocupar primeiro com a sua utilidade; que tem curiosidade por coisas que não conhece, que gosta de perceber coisas complicadas, e que gosta de simplificar coisas confusas; e é uma pessoa que é capaz de pensar pela própria cabeça e que é encorajada a pôr as suas ideias em prática.

Como deveria ser a universidade?
Nenhuma universidade pública deveria prometer aos seus alunos empregos que não lhes pode dar. Todas deveriam concentrar-se em dar-lhes primeiro uma experiência variada e alargada de vários domínios do conhecimento; e só mais tarde encorajar a sua especialização. As universidades públicas deveriam poder contratar individualmente o seu financiamento com a tutela; deveriam poder suplementar esse financiamento como entendessem. Deveriam poder escolher os seus alunos, e estes deveriam poder candidatar-se às universidades e aos cursos que entendessem. Deveriam poder organizar-se como achassem melhor, contratar os professores que achassem adequados, e pagar-lhes o que achassem que mereciam. Deveriam finalmente poder ser responsabilizadas pelas suas escolhas e pelos seus erros.

O que poderá fazer-se para que a universidade seja como devia ser?
Melhorar uma universidade é um processo que demora tempo e requer paciência.  As universidades públicas portuguesas não precisam de mais leis ou de mais organismos de tutela e regulação: mas simplesmente que certas leis sejam revogadas e que certos organismos desapareçam.
O livro defende que não há necessidade de o Estado fixar as vagas dos cursos e das universidades; que não tem que autorizar cursos ou propor a sua extinção; que não deve haver uma carreira docente universitária uniforme; e que não deve haver um regulamento comum ao governo de todas as instituições de ensino superior.
Defende ainda que alguns dos principais organismos que condicionam o ensino superior deveriam ser extintos ou drasticamente reduzidos: por exemplo a Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior; a Fundação para Ciência e Tecnologia; e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.

António M. Feijó e Miguel Tamen são autores do ensaio 'A Universidade como deve ser'.

 

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

Autor
Portuguese, Portugal