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Os primeiros sinais de demência surgem 15 anos antes nos grupos populacionais pobres

Os primeiros sinais de demência surgem 15 anos antes nos grupos populacionais pobres

Texto de Francisco George, a propósito do seu novo livro «Prevenir doenças e conservar a saúde»
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Francisco George, Médico, ex-Director-Geral da Saúde e atual Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, escreve o mais recente ensaio da Fundação sobre prevenir doenças e conservar saúde, disponível na rede de livrarias a partir de 15 de Janeiro.

Trata-se de um texto escrito de forma muito clara que sublinha as principais áreas em saúde pública. Estas são focadas em diferentes dimensões que, uma vez tidas em conta, permitem viver mais tempo e com mais qualidade de vida. 

Para além de explicações relacionadas com a diminuição da exposição a riscos para a saúde, sobretudo aqueles que são considerados evitáveis, há um conjunto de conselhos e orientações, neste sentido, que são descritos e fundamentados no plano científico: alimentação, exercício físico e tabagismo. 

O ensaio aborda de forma inovadora a questão das determinantes sociais que conduzem ao estabelecimento de estratos da população organizados em gradientes sociais que, por sua vez, são geradores de gaps. Como exemplo, menciona o aparecimento dos primeiros sinais de demência que surgem 15 anos antes em grupos populacionais pobres quando comparados com famílias de rendimentos altos.

No que se refere ao acesso a cuidados de saúde, as páginas desta publicação insistem na necessidade em serem observados princípios democráticos capazes de assegurar igualdade em todos os grupos etários, na perspetiva da eliminação de desigualdade e iniquidades existentes. 

O ensaio aponta, igualmente, os três principais desafios que Portugal enfrentará nos próximos cinco anos, nomeadamente os efeitos em saúde pública decorrente das alterações climáticas, o fenómeno, muito preocupante, da resistência crescente dos microorganismos patogénicos aos antimicrobianos, em particular bactérias em relação a antibióticos (agente da Tuberculose, entre outros exemplos inquietantes). Como terceiro desafio, é citada a curva epidémica ascendente, descontrolada, da incidência das doenças crónicas não transmissíveis como cancro, doenças cérebro e cardio-vasculares (AVC e enfarte do miocárdio) ou, ainda, a diabetes tipo 2 que apresenta uma elevada prevalência.

Desafios que impõem medidas urgentes a implementar pelos governantes e pela sociedade civil. Direito e dever de todos na construção do Estado Social. Da Democracia.

 

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

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