Peter Apps: o futuro da NATO não é assim tão simples

A aliança que tem assegurado a paz em quase toda a Europa está hoje no centro de todas as atenções. «Estamos numa era muito perigosa. Os próximos 25 anos serão, provavelmente, os mais desafiantes que a NATO já teve», defende Peter Apps, comentador de política internacional na Reuters e autor do livro «Dissuadir o Armagedão: uma biografia da NATO»

Nesta entrevista, o especialista mostra-se convicto de que um novo conflito mundial será espoletado pela ambição de países que querem alargar as suas fronteiras pela força das armas.

«Creio que o mundo estará suficientemente organizado para que não tenhamos uma terceira guerra mundial por engano. Se a tivermos, será porque um ou mais países fizeram uma grande aposta em tentar replicar o que Putin fez na Ucrânia», sublinha.

Com a Europa a braços com a guerra em território ucraniano – e na iminência de afetar países membros da NATO -, o velho continente terá de repensar o investimento na defesa. E com Donald Trump na Casa Branca, os europeus terão de ser mais autónomos nas suas decisões militares.

O futuro da relação entre os EUA e a Europa está ainda em aberto. O especialista destaca que, por um lado, não é certo que os europeus «façam o suficiente para manter o governo de Trump do seu lado, de forma a garantir a continuação do apoio norte-americano». Por outro, não se sabe quão tolerante será o próximo presidente norte-americano caso a Europa tente seguir o seu próprio caminho.

Reforçando a importância da adesão à NATO dos países nórdicos, mas também da Turquia, Peter Apps prevê que o ambiente tenso que se sente possa arrastar-se por 15, 20 ou 30 anos, precipitando uma nova Guerra Fria.  

Ao programa «Isto não é assim tão simples», Peter Apps deixa, contudo, uma mensagem de esperança para o futuro: «estamos claramente numa era de conflito, mas o bom senso prevalecerá».