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Entrevista

Andrew Hessel: biotecnologia não é assim tão simples

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Poderá o genoma humano ser programado, como se fosse um computador? Poderemos um dia travar o envelhecimento ou diagnosticar doenças, criar vacinas e medicamentos em tempo recorde? O geneticista e pioneiro da biologia sintética Andrew Hessel dá-nos as respostas.

«A biologia é que manda neste planeta. É a tecnologia mais antiga. Existe há milhares de milhões de anos. Mas é também a tecnologia mais misteriosa porque é a única que não foi construída por nós. Foi ela que nos construiu», diz.

Explicando a biologia sintética através da sua experiência na computação, o especialista traça paralelismos entre programar um computador e programar uma célula. Ambos possuem um código  a célula tem uma espécie de software que gere todos os seus processos metabólicos  e a sua manipulação permite programar o que ela faz.

O desenvolvimento desta área pode abrir caminho para uma maior eficácia e rapidez no tratamento de doenças, sejam elas bacterianas ou virais, como a Covid-19.

Se hoje a sequenciação de ADN já é usada «em quase tudo» na medicina,  o que Hessel propõe é muito mais do que conhecer as sequências de ADN de um vírus ou de bactérias. «Agora temos a capacidade de afetar o código», ou seja, temos a capacidade de alterar os micróbios da boca ou do intestino, por exemplo, para nos mantermos sãos. «Em vez de apenas diagnosticar uma doença, temos a oportunidade de a curar», remata.

A biologia sintética também promete ter respostas para retardar o envelhecimento. «Está a decorrer agora o primeiro ensaio clínico para reverter o envelhecimento em cães», adianta, reconhecendo que estes testes podem permitir avanços no futuro, mas que não travarão este processo natural.

Todos estes avanços enfrentam questões éticas «Quando se trata de seres humanos e da manipulação de organismos, é complicado, porque os espetros éticos não estão consolidados», alerta.

«À medida que estas ferramentas se democratizam, penso que as pessoas vão experimentar mais e isso pode ser uma força positiva», diz Hessel. No entanto, alerta que «haverá quem abuse da tecnologia para obter lucros ou por motivações políticas, religiosas ou financeiras».

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