Literatura e Ensino do Português
Nos últimos anos, o ensino do Português tem estado no centro de um intenso debate público. Entre as várias polémicas a que se tem assistido, encontra-se a que se gerou em torno do papel do ensino da Literatura no ensino da Língua Portuguesa, e da constatação de que os conteúdos literários estão a diminuir nos programas de Português em proveito de outros tipos de texto, e que mesmo aqueles que permanecem são esteticamente neutralizados, propondo-se, algumas vezes, o seu estudo como se fossem textos não-literários.
Os que protestam contra esta diminuição e aqueles que a defendem chegam a invocar o mesmo argumento: o de que é necessário defender uma escola inclusiva que garanta a todos as mesmas oportunidades. Para uns, a presença da literatura nos programas constitui fator de discriminação. Nessa medida, teimar em estudá-la significaria afastar mais alunos do sucesso educativo a que têm direito. Servindo-se da mesma base argumentativa, há, contudo, quem pense exatamente o contrário. Para estes, a literatura (e, desde logo, os livros centrais do cânone) constituem uma das mais elevadas realizações do espírito humano e devem ser considerados como património de todos. Nesse sentido, a sua presença na escola democrática inscreve-se no quadro da equidade social.
Com este estudo, a Fundação Francisco Manuel dos Santos procura identificar o merecido relevo da Literatura no Ensino do Português, bem como os métodos e objetivos que lhe devem estar associados, para que esse ensino tenha qualidade e sucesso. Para esse efeito, os seus autores debruçam-se sobre questões como:
- as raízes da crise do ensino da Literatura nas escolas
- a necessidade de se conquistar uma “nova legitimidade” para o ensino da Literatura, de forma a poder “reabilitá-lo”
- as características de uma “nova cultura literária” que dê às Letras a importância que devem ter no ensino do Português.