
15 coisas que distinguem os superprevisores dos outros previsores
Ao longo das mais de 350 páginas do livro «Superprevisões», lançado pela Gradiva com apoio da FFMS, Tetlock e Gardner descrevem as atitudes e os comportamentos dos previsores e dos superprevisores. Os autores sintetizam algumas das suas conclusões em duas páginas, que aqui transcrevemos.
«Do ponto de vista filosófico, [os superprevisores] tendem a ser:
- Cautelosos: Nada é certo.
- Humildes: A realidade é infinitamente complexa.
- Não deterministas: O que acontece não está destinado a acontecer e não tem necessariamente de acontecer.
Nas suas capacidades e estilos de pensar, tendem a:
- Ter uma mente activamente aberta: As convicções são hipóteses a testar, não tesouros a proteger.
- Ser inteligentes e informados, com «necessidade de cognição»: Intelectualmente curiosos, gostam de enigmas e desafios intelectuais.
- Reflectir: São introspectivos e autocríticos.
- Ser hábeis com números: Estão à vontade a usar números.
Nos seus métodos de previsão, tendem a ser:
- Pragmáticos: Não se prendem a nenhuma ideia ou programa.
- Analíticos: Capazes de se desviar da perspectiva da ponta do seu nariz e ter em consideração outros pontos de vista.
- Utilizadores de olhos de libélula: Valorizam diferentes perspectivas e sintetizam‑nas numa visão própria.
- Probabilísticos: Emitem pareceres usando muitos graus de talvez.
- Actualizadores ponderados: Quando os factos mudam, mudam de opinião.
- Bons psicólogos intuitivos: Cientes do valor de analisar o seu raciocínio em busca de enviesamentos cognitivos e emocionais.
Na sua ética de trabalho, tendem a ter:
- Uma atitude mental progressiva: Acreditam que é possível melhorar.
- Firmeza: Estão determinados a continuar a esforçar-se independentemente de quanto tempo seja necessário.
Este retrato é genérico. Nem todos os atributos são igualmente importantes. O factor mais forte da ascensão nas fileiras dos superprevisores é [...] a medida pela qual as pessoas estão dispostas a actualizar as suas convicções e a procurar aperfeiçoar-se. Este é um indicador cerca de três vezes mais poderoso que o seu rival mais próximo, a inteligência. Parafraseando Thomas Edison, a superprevisão parece ser aproximadamente 75 por cento transpiração e 25 por cento inspiração. E nem todos os superprevisores têm todos os atributos. Há muitos caminhos para o êxito e muitas maneiras de compensar o défice numa área mostrando força noutra.»
Philip E. Tetlock vem a Lisboa no dia 23 de Novembro para, a convite da Fundação, falar da «Ciência das Previsões».
O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.